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15/09/2024 às 2:00 - há XX semanas | Autor: Gilson Jorge

MUITO

O poder do sagrado feminino no novo álbum do Grupo Ofá

Disco será lançado hoje, às 16h, no Espaço Cultural da Barroquinha

Grupo Ofá
Grupo Ofá -

No próximo final de semana, um pedaço do Terreiro do Gantois vai baixar na Terra da Garoa. O Grupo Ofá, formado por integrantes de uma das comunidades mais tradicionais da Bahia, apresenta-se na sexta e no sábado no Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo. Criado em 2000, o coletivo vai apresentar aos paulistanos o seu terceiro álbum, Ìyá Àgbà Ṣiré: O Poder do Sagrado Feminino, que conta com a participação de Milton Nascimento, Margareth Menezes, Luedji Luna e Preta Gil, entre outros.

O disco será lançado hoje, às 16h, no Espaço Cultural da Barroquinha, apenas para convidados. Mas desde o último dia 6 é possível ouvir em plataformas de streaming o single Iran adê, oní iran, que traz as vozes de Milton e de Péricles, junto com os vocalistas do grupo.

"Essa é a música de Iyá Mase Malê, que é o axé da casa, que faz parte da Roda de Xangô", explica o percussionista Yomar Asogba, único remanescente da formação original. Hoje, o grupo tem 11 integrantes. "O nosso objetivo é levar ao mundo a musicalidade do Candomblé, que muita gente não conhece", afirma Yomar.

O novo disco foi produzido entre fevereiro e março deste ano, com 17 dias de gravação em estúdio em Salvador, em São Paulo e no Rio de Janeiro. É um álbum dedicado às iabás, como são chamadas as orixás femininas. "É um trabalho diferente, com a introdução de instrumentos de harmonia. É algo de hoje. A gente faz candomblé, tem uma tradição percussiva, mas esse disco vem com uma harmonia muito forte", afirma Yomar.

O primeiro álbum, Odum Orim, foi produzido por Flora Gil, que voltou à produção no segundo álbum e também assina a direção geral nesse terceiro trabalho. A formação original trazia, além de Yomar, Gamo da Paz e Ebomi Delza, mas o grupo foi desfeito dois anos depois, com a morte de Delza e a mudança de Gamo para São Francisco, nos Estados Unidos, onde atua como professor de música brasileira e comanda o grupo carnavalesco Quimbanda.

Depois de um tempo parado, o grupo retomou as atividades em 2008, com Yuri Passos, sobrinho de Yomar, e Luciana Baraúna. "Durante esse intervalo, a gente começou a planejar uma homenagem a Mãe Carmen", conta Yomar. Essa homenagem se transformou no segundo disco, Obatalá – Uma Homenagem a Mãe Carmen, que também teve a participação de grandes nomes da música, como Gal Costa, Gilberto Gil, Zeca Pagodinho e Nelson Rufino.

Também filha do Gantois, a cantora Luciana Baraúna destaca a importância do Grupo Ofá e de seus discos. "É uma forma de trazer a energia do sagrado", declara a musicista, que também alude ao poder das iabás como força central do seu trabalho. "É bom levar o nosso canto sagrado para outras pessoas sentirem", aponta Luciana.

Nascido e criado no Gantois, o professor de percussão popular na Escola de Música da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Yuri Passos afirma que, depois de Obatalá, sempre teve a vontade de fazer um disco dedicado às iabás. "Há a força da mulher, muito presente no terreiro, e que mexe com a gente de todas as maneiras, com os ensinamentos, com toda a dedicação, toda a luta", afirma o músico.

Yuri enxerga cada disco do Ofá como um ato político. "A gente tem que provar todos os dias que está aqui, que vive aqui nesse espaço, diante de tanta intolerância, de tanta violência que o nosso povo sofre", diz o professor e percussionista da banda.

Sobre a parte musical, Yuri salienta a amplitude do trabalho: "É um disco para todo o povo do Candomblé. E ter essas participações claro que é pensar essa música em outras esferas, levar a música a outros públicos, que nem sabem que a gente produz essa música", declara Yuri.

O percussionista ressalta que ao mesmo tempo em que a musicalidade do candomblé faz um grande aporte à cultura musical soteropolitana, os terreiros precisam buscar espaços para apresentar os seus trabalhos musicais.

Da quarta geração do Gantois, e com um filho marcando a quinta, Yuri começou a tocar atabaques aos cinco anos de idade. "Minha história tem o exemplo de grandes mestres e alabês do terreiro, como Vadinho, Hélio, Gamo, Gabi, meu tio Yomar", destaca o percussionista.

Yuri lembra que com toda a força da percussão na cultura soteropolitana, viver de música na cidade é muito difícil para um percussionista, pelo grande número de tocadores, porque a remuneração de quem faz percussão tende a ser menor do que a de outros músicos e porque quando o orçamento é curto os percussionistas são os primeiros a serem cortados. "Eu estou em um lugar privilegiado, por ter a possibilidade de falar e lutar pelos percussionistas, como professor, diretor musical e arranjador", afirma.

Depois do lançamento hoje e dos shows em São Paulo na semana que vem, o Grupo Ofá se apresentará nas unidades do CCBB em Brasília, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Não há previsão de shows em Salvador.

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