PERFIL
O voo solo da paisagista Maria Victória Oldemburg
Paisagista é responsável por uma das atrações da CasaCor Bahia
Por Gilson Jorge
Quando recebeu o convite para integrar a CasaCor Bahia deste ano, a paisagista Maria Victória Oldemburg resolveu desenvolver um projeto inspirado no que está fazendo para a sua própria residência, recém-adquirida. Um jardim inspirado nas casas do lado europeu do Mar Mediterrâneo.
"Eu quis fazer uma varanda debruçada sobre o mar para você receber amigos", explica a paisagista. Assim nasceu o Garden Room, uma das atrações da principal mostra de arquitetura, decoração e paisagismo realizada na Bahia.
"É um projeto facilmente reproduzível. Não tem aquela coisa de encomendar um piso. O piso é um intertravado de PVC. É só jogar pedrinhas por cima", explica a paisagista, que apostou na praticidade de um modelo que favorece a circulação de pessoas. "Dá para caminhar até de salto alto".
Além disso, o projeto traz quatro oliveiras e vasos de argila de uma fornecedora de Feira de Santana. "O fabricante das pedras também é daqui da Bahia", ressalta a paisagista baiana de uma família com origem no Paraná e no Rio de Janeiro. Maria se apresenta como representante dos paisagistas da geração Z, uma referência tanto às pessoas nascidas entre 1995 e 2010 quanto aos profissionais dessa área e faixa-etária que privilegiam a sustentabilidade em seus projetos.
Os clientes se espantam quando Maria Victória, 25 anos, declara ter 15 anos de experiência no ramo. Mas ela conta como currículo a vivência adquirida desde os 10 anos de idade, quando começou a ajudar a mãe, Rosangela Oldemburg, e a tia, Carla Oldemburg, nos projetos da Eco Garden Paisagismo, empresa da família. "Minha mãe ganhou o Prêmio Anuário de Decoração em 2015".
O projeto vencedor foi o jardim de uma casa do condomínio Interlagos, em Camaçari, cujo projeto arquitetônico foi assinado por Paulo Alves e Paulo Andrade. "Era um projeto incrível. Tinha cinema na casa", lembra.
Verde
O seu trabalho é a extensão da vida de uma família que possui vários arquitetos pelo lado materno e que sempre esteve inserida no verde. "Sempre morei em casa com jardim muito grande. Então, criei interesse, pois minha mãe sempre foi das artes manuais. Fazia artesanato e depois de um tempo ela estava no paisagismo".
Um dos projetos feitos por Rosangela e que ficaram marcados na lembrança de sua sucessora na empresa foi uma casa no condomínio Porto das Baleias, em Praia do Forte: "Eu lembro porque era uma casa toda suspensa, acho que o projeto arquitetônico era de Sidney Quintella". A casa havia sido vendida e o novo proprietário promoveu uma ampla reforma, incluindo o jardim. Por isso, contratou a Eco Garden.
O diretor da Casa Cor Bahia, Carlos Amorim, enaltece o fato de que Maria Victoria é muito jovem, mas não é estreante no evento, embora seja sua primeira vez como expositora. Sobre o trabalho apresentado este ano, Amorim avalia que a paisagista conseguiu fazer um trabalho muito bom, usando material tecnológico, transformando um lugar de contemplação em um lugar de uso.
"É um lugar vivo, as pessoas usufruem muito da atmosfera que ela criou naquele jardim. Uma composição com oliveiras centenárias e vasos elegantes", afirma, destacando que o trabalho de Maria Victoria na mostra completa as construções de casas feitas na área externa do casarão da Alameda dos Sombreiros, que recebe a edição deste ano da Casa Cor. "Ficou muito bonito, ela é muito talentosa", elogia Amorim.
A participação da família Oldemburg na CasaCor Bahia não é novidade. Sua irmã fez projetos em 2004 e 2005, e sua tia, em 2011. Este ano, depois de assumir a direção da empresa familiar, Maria Victória decidiu que seria melhor deixar a sua própria marca e a Eco Garden virou MV Paisagismo.
"A empresa, na verdade, estava desativada há um tempo. Eu comecei tudo do zero, refazendo contato com os clientes", explica a paisagista. Desde que começou a prospectar clientes da empresa de sua mãe, Maria Victória foi contratada também para outros 16 projetos, além da CasaCor.
Segundo ela, a mudança foi aconselhada pelos amigos, para reforçar o seu nome no mercado. "Vários amigos insistiram e brigaram para que assinasse com minha empresa e não com a Eco Garden, que era a empresa de execução. Depois de muito insistirem, eu passei a usar o MV Paisagismo", afirma Maria.
Voo solo
A mudança de nome foi concretizada em maio deste ano, quatro meses depois que Maria Victória iniciou o seu voo solo como paisagista. Logo, o Garden Room é o projeto de estreia da MV Paisagismo na CasaCor.
No ano passado, Maria participou do evento como fornecedora. Ou seja, sua empresa não constava como uma expositora, como acontece este ano. "Mas eu fiquei super nervosa. Porque era uma estreia de alguma forma. Eu tive uma crise de choro", lembra a paisagista, que define a experiência atual como tranquila.
"Eu adorei estar lá dentro. Comandar a obra é muito bacana. Eu acho que a CasaCor é uma escola. A gente tem que dar o nosso melhor em todos os sentidos", considera Maria.
A paisagista ressalta que as coisas num evento como esse nunca saem 100% como se planejou, por uma muda específica que não foi possível conseguir ou por um ou outro detalhe, mas declara-se muito feliz com o resultado e com a própria presença na mostra, assinando o seu nome.
"É um sonho de criança que se realiza", diz ela, que há 15 anos era uma garotinha sonhando o sonho de sua mãe. A Casa CorBahia acontece até 24 de setembro no casarão da família Ribeiro Lima, Alameda dos Sombreiros, 440, Caminho das Árvores.
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