NEGÓCIOS
Pães, panetones e dulcismo
Loja Dulce Sabor, inaugurada recentemente, é um reforço para a sustentabilidade das obras sociais
Por Vinicius Marques

Quem passa pelo Caminho da Fé, no Largo de Roma, em frente ao Santuário Santa Dulce dos Pobres, percebe uma nova estrutura montada. Em madeira e vidro, o novo local, chamado de Dulce Sabor, é a primeira loja direcionada para o público geral dos produtos confeccionados pelas Obras Sociais Irmã Dulce (Osid).
Inaugurada no último dia 6, a marca Dulce Sabor oferece ao público produtos fabricados pelo Centro de Panificação Santa Dulce, a exemplo dos Panetones Santa Dulce e da linha de pães Dulce Natura, além de broas, brownies e cookies.
Como não poderia ser diferente, a primeira unidade da loja surge com a marca da solidariedade, já que toda a renda obtida com a venda dos produtos será direcionada ao Centro Educacional Santo Antônio (Cesa), núcleo da Osid que acolhe mais de 900 crianças e adolescentes em vulnerabilidade social, em Simões Filho.
A ideia para criação da loja surgiu ainda em 2018, ano de canonização de Santa Dulce, como lembra Daniel Reis, gerente do Centro de Panificação Santa Dulce. “Nesse período, colocamos um estande temporário aqui nessa região e deu muito certo, vendeu bastante, mas depois tivemos que retirar porque veio a obra aqui na Cidade Baixa, do Caminho da Fé. Desde então, aflorou de uma maneira mais forte a ideia da loja”.
Com o foco em produtos próprios, a loja apresenta a variedade de produtos da linha de panetones, que vão desde os com frutas (R$ 14,99), chocolate (R$ 16,99) aos com zero adição de açúcar (R$ 17,99).
Há ainda produtos exclusivos, como as broas (R$ 4, nas embalagens de 150g) e brownies (R$ 14, nos potes de 200g). Os valores são referentes ao fechamento dessa reportagem e podem variar, inclusive com promoções.
Conhecido por seus pães, da linha Dulce Natura, Daniel acredita que os produtos mais exclusivos da loja podem atrair o público local, que já está acostumado com os pães nos mercados de Salvador e Feira de Santana, além de atrair os fiéis que praticam o turismo religioso da região.
“É muito importante ter nossa loja de venda direta, com os próprios panetones, que já são conhecidos. A população já compreende a importância da ajuda para a instituição, e na loja encontramos biscoitos que não estão nos mercados, mas o mais importante da loja é que a renda é direcionada para o Centro Educacional Santo Antônio”, diz Daniel.
Sonho antigo
Laíza Oliveira, supervisora da fábrica do Centro de Panificação Santa Dulce, trabalha para a Osid há 22 anos. Ela conta que a loja é um sonho antigo da instituição.
A Dulce Sabor é uma oportunidade de variar os itens que produzem, além de trazer uma visibilidade muito maior para o que é feito. Para a supervisora, a expectativa é atingir um público interno, pois a loja está num lugar estratégico que vai ampliar esses consumidores.
No Natal e período de fim de ano, a fábrica funciona em horário ampliado e com um maior número de funcionários, como conta Laíza: “Passamos a funcionar 24 horas nessa época, além de dobrar, praticamente, o número de funcionários também. É o período de maior expectativa”.
De acordo com ela, os pães da linha Dulce Natura dão bons resultados durante o ano, mas os panetones têm um valor agregado muito maior e contribuem muito mais para o projeto.
“A expectativa do final de ano é sempre muito grande de suprir os resultados, de sempre superar. Cada ano a gente estabelece uma meta um pouco maior e a cada ano vamos chegando onde a gente espera, que é a sustentabilidade aqui da fábrica e do projeto”.
Márcio Didier, gestor do Complexo Santuário Santa Dulce dos Pobres, que compreende, além do santuário, o memorial, a loja e um café, destaca que a finalidade desses estabelecimentos é, principalmente, o de ajudar na sustentabilidade das obras.
Para ele, a ideia não é que as pessoas simplesmente cheguem ao local para comer um lanche e comprar algum produto. O gestor espera que ao chegar no Dulce Café ou na Dulce Sabor, as pessoas possam também ter uma experiência do que eles chamam de “dulcismo”, que nas palavras dele é “um pouquinho da caridade e do amor que Santa Dulce fazia”.
Café Solidário
Para implementar essas ideias, eles têm desenvolvido algumas propostas, como o Café Solidário. O projeto, basicamente, propõe que o cliente deixe pago um cartãozinho que alguma pessoa em situação de rua possa depois trocar por um café com leite e pão com manteiga na chapa.
“Essa é uma das ações para não ser mais um café na cidade. É um café, mas é um café que tem dentro dele a proposta e o carisma de Santa Dulce”, explica Márcio.
Em julho deste ano, inclusive, o Dulce Café foi reconhecido como um dos melhores lugares para comer em Salvador pelo aplicativo Restaurant Guru, que tem como base de sua classificação as avaliações de clientes postadas em agências populares, como Michelin, Frommer's, Zagat, Zomato, Yelp, Google, Foursquare e Facebook.
Essa foi a segunda vez que o estabelecimento foi premiado pelo aplicativo, sendo a primeira em 2020.
Enfrentando grave crise financeira, o novo braço da Osid surgiu todo por doações de empresas do ramo de construção, como destaca Márcio. Ele acredita que esse apoio é um retorno do que a instituição tem feito pelos mais necessitados durante os últimos anos.
“Toda a obra da Dulce Sabor foi possível graças a doações. Aqui a gente consegue transformar determinados espaços nesse tipo de oportunidade, de ajuda na sustentabilidade graças à generosidade das pessoas. Estamos sempre atentos ao nosso fim maior. Tudo isso aqui começou por causa das pessoas sem condições, dos necessitados, das pessoas que não têm a quem mais recorrer com as suas dores. Então, não fazia sentido a gente ter simplesmente um café só para vender café, por exemplo”, afirma.
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