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MUITO

PERFIL: Bruxo da sinuquinha

Adriano Motta

Por Adriano Motta

08/06/2020 - 6:00 h
"Boto medo", diz o jogador, com milhões de views nas redes sociais | Foto: Divulgação
"Boto medo", diz o jogador, com milhões de views nas redes sociais | Foto: Divulgação -

É das cenas mais comuns no país. Um bar, com velhas mesas de plástico, além da música ao fundo, algo que não pode faltar. Ao centro, uma mesa de sinuca, onde todo mundo está reunido para assistir aos que estão jogando. Aquele som da bola branca batendo nas outras para iniciar a partida. Poucos no Brasil entendem tão bem desse assunto quanto o ex-servente de pedreiro Josué Ramalho da Silva, 46. Talvez nem todos o conheçam por esse nome. Se falarmos, no entanto, de Baianinho de Mauá, aí sim, as coisas mudam.

Também conhecido como o Bruxo, apelido que ganhou nas redes sociais por encantar os adversários com seu jogo – além de outros codinomes ao longo de mais de 30 anos de jornada no bilhar –, ele é um dos melhores jogadores do país. Especialmente quando tratamos sobre seu estilo de jogo favorito, a sinuquinha, modalidade não profissional em que um dos jogadores deve matar as bolas pares e o outro, as ímpares.

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Não é exagero nenhum afirmar que Baianinho é o melhor do país com o taco em mãos. Até o próprio se coloca como tal em alguns momentos: “Na sinuquinha, não tem pra ninguém. Boto medo”.

Já faz um bom tempo desde que ele deixou Paulo Afonso, local de nascimento para ir tentar a sorte em São Paulo, mais especificamente em Ribeirão Preto, estado e cidade onde mora desde os 18 anos. Foi nas mesas paulo-afonsinas que Baianinho matou – ou seja, colocou na caçapa – suas primeiras bolas, ainda com 8 anos, numa mesa de brinquedo. “Sempre gostei muito da sinuca, desde cedo”, conta.

Passar para as de verdade, no entanto, foi um processo bastante natural. Ainda criança, costumava subir em caixotes para enxergar as bolas. Na adolescência, era levado para enfrentar e vencer os donos dos bares da cidade.

Aos 15, já era campeão local e era convidado para jogar por diversas cidades pela Bahia. “Até as autoridades gostavam de me assistir”, lembra. E assim, vencendo nas mesas de bilhar, era como ele conseguia ficar nos bares mesmo antes da maioridade.

Vitórias

Logo Paulo Afonso e a Bahia ficariam muito pequenas para ele, que começou a atuar também em outros estados, como Sergipe e Pernambuco, onde também conseguiu vitórias expressivas.

A necessidade, porém, fez com que se mudasse para São Paulo para trabalhar na construção civil. Mas desde cedo já percebia onde estava sua verdadeira vocação. “Foi nessa época que percebi que poderia começar a viver da sinuca”.

Lembra que após receber seu primeiro salário trabalhando numa obra, decidiu apostá-lo numa partida. “Em duas horas jogando, ganhei dois meses de pagamento”. A partir desse dia, decidiu viver apenas do que conquistasse jogando. Deixou o antigo emprego para trás e nunca mais voltou.

Nesse período também surgiu o apelido que carrega até hoje: o Baianinho de Mauá. “Tenho família morando em Mauá. Quando morei em São Paulo, passava por lá e comecei a ganhar do pessoal na cidade. Então, começaram a perguntar de onde era o tal baianinho que vencia todo mundo por lá. Aí diziam que eu era de Mauá e o nome acabou ficando”, conta.

Graças à sinuca, conta que já passou por todas as capitais do país, através de convites para jogar torneios. E hoje consegue viver só do esporte, com os cachês que ganha para bater uma bolinha pelo Brasil afora.

Por R$ 3 mil é possível (ou era, até a pandemia) jogar uma partida contra o Baianinho. Mas algumas nem são contra adversários profissionais, mas sim contra fãs e jovens que estão começando na sinuca. “Nesses casos, não costumo cobrar”.

Já houve convites para jogar no exterior e ele até deu entrada no processo para a retirada do visto norte-americano, no entanto, a pandemia acabou adiando esses planos.

Fenômeno

O jogador é um fenômeno não só no bilhar, mas também nas redes sociais. Durante o período de isolamento social, suas lives jogando contra outros grandes nomes da sinuca nacional costumam dar muita audiência, com mais de cem mil pessoas acompanhando as partidas – que não raramente costumam durar horas.

Vídeos com partidas suas, disponíveis no YouTube, chegam a ter milhões de visualizações. Um deles alcançou 18 milhões de views em menos de um ano, além de outros mais recentes que contam com entre três a cinco milhões de acessos. Páginas de fãs-clubes ao redor do Brasil existem aos montes nas redes, especialmente no Instagram.

Apesar do sucesso feito com os vídeos, Baianinho não ganha diretamente com eles, mas sim através de dois patrocinadores, estampados no seu tradicional visual de boné para trás e camisa regata com que costuma atuar.

A fama que a sinuca lhe trouxe contrasta com o jeito de poucas palavras, simples, do Baianinho. Ele conta que nunca jogou pelo sucesso – algo surpreendente até para ele –, mas sim pelo prazer de jogar.

“Nunca imaginei que fosse ter tanta gente assim acompanhando. Fico feliz com isso também porque muitos não conheciam a sinuquinha e passaram a se interessar pela modalidade”, afirma.

Baianinho tem também sua própria linha de tacos, que são estilizados e desenvolvidos por ele próprio. Custam R$ 350, para aqueles que quiserem imitar seu estilo.

Se costumavam questioná-lo quando passava horas jogando consigo mesmo, em épocas de distanciamento social e quarentena, seu velho hábito sai em vantagem. “Sempre gostei, desde molequinho. Me achavam até de doido por querer jogar assim”, lembra.

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