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EDUCAÇÃO BÁSICA DO NE

Plataforma abre vagas de curso para docentes e gestores negros

Com 60 vagas disponíveis, o curso de formação e aperfeiçoamento será totalmente virtual

Por Gilson Jorge

11/04/2022 - 6:02 h
Integrante do grupo, Luan Sodré é professor de música na Uefs
Integrante do grupo, Luan Sodré é professor de música na Uefs -

Nos 48 eventos literários que a Editora Diálogos Insubmissos realizou desde a sua criação, em 2017, a sua fundadora Dayse Sacramento já fez de tudo; desde as funções previstas no programa, como dar palestras, a "apagar incêndios" causados pela escassez de pessoal na organização. "Já aconteceu de a cozinheira cortar a mão e eu ir preparar a comida até minutos antes da minha palestra", conta Dayse.

Ela ressalta que não considera demérito cozinhar e nem exalta a sua multiplicidade de tarefas nos eventos, mas que isso serve para mostrar as dificuldades que se enfrentam na organização de eventos literários fora dos grandes circuitos. "Se a curadora da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty) tiver que enfrentar percalços, certamente não é porque precisou ir fazer a comida”, compara.

Esse episódio da cozinha mostra a exata medida da receita para o cardápio que a Diálogos Insubmissos se dispõe a fazer: aumentar a participação de mulheres negras, que somam 27,8% da população brasileira, no mercado literário nacional.

Um ponto levantado por Dayse é que, mesmo fora das grandes festas literárias, há uma crescente produção de livros por autores negros em todo o país, sem falar no sucesso editorial de nomes como Djamila Ribeiro e Conceição Evaristo. Com base nesses dados, a editora espera contribuir para impulsionar a presença de autoras e promotoras de eventos negras.

"Queremos abrir o debate sobre a monetização. As pessoas não querem pagar pelo trabalho de mulheres negras, mesmo que a gente entregue excelência", afirma Dayse, que dentro do escopo de sua organização também está coordenando um trabalho de formação para professores negros no Nordeste. O objetivo é promover reflexões sobre produções intelectuais de pessoas negras em diversos campos.

Para Dayse, essa formação é uma oportunidade de troca de informações entre professores da rede pública. "Esse curso nasce de uma pergunta: como a produção intelectual de mulheres negras pode contribuir para o cotidiano dentro do contexto escolar".

O curso será ministrado pelos professores Carla Freitas (Ufba), Dayse Sacramento (Ifba), Edeise Gomes (Uesb), Eduarda Miranda (Uefs), Luan Sodré (Ufba) e Stella Carvalho (poeta e redatora) e as inscrições para a turma serão abertas no próximo dia 18.

Com 60 vagas disponíveis, o curso de formação e aperfeiçoamento será totalmente virtual. As inscrições podem ser feitas através da página da editora no Instagram: @dialogosinsubmissos. Gestoras e gestores de escolas também podem se inscrever.

Um dos objetivos da editora é passar a produzir livros didáticos para as redes públicas da Região Nordeste, embora Dayse tenha consciência do desafio de penetrar no mercado dominado pelas editoras de maior porte. "Eu gosto de pensar grande, depois eu vejo como fazer", declara.

No começo, a editora contou com apoio financeiro direto do Governo do Estado, através da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), da Secretaria da Mulher e da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb). Atualmente, conta com o suporte da Fundação Rosa Luxemburgo

Foi a fundação que bancou a impressão do primeiro livro publicado pela editora, Insubmissão intelectual de mulheres negras nordestinas. Lançada em 20 de novembro de 2021, a obra reúne nove ensaios de escritoras da região. Uma versão e-book do livro já foi distribuída gratuitamente.

Descentralizando

A editora tem trabalhado também em parceria com instituições do interior. Segundo Dayse, como uma forma de descentralização da produção. E um dos próximos projetos é o lançamento do livro Música e pensamento afrodiaspórico, do coletivo Mwana Muziki.

"É um grupo cujo trabalho faz uma reflexão sobre a produção de pessoas negras na literatura, na música, nas artes", diz o professor demúsica Luan Sodré, líder do Diálogos Insubmissos na Universidade Estadual de Feira de Santana.

Doutoranda em Letras pela Universidade Federal de Sergipe e colaboradora nos projetos da Diálogos Insubmissos, Manoela Barbosa destaca o papel coletivo da instituição e o objetivo de dar voz a mulheres negras da literatura e das artes. "Nós dialogamos com escritoras afro-americanas e das Antilhas também", diz Manoela.

A Diálogos Insubmissos teve como gênese uma pesquisa acadêmica sobre violência contra as mulheres, feita pela estudante Gilmara Santos de Jesus, através do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic), no Ifba. Dayse, que é professora de português na instituição, foi orientadora do trabalho e se dedicou à publicação dos resultados da pesquisa.

Logo no primeiro ano, foram três eventos literários: um na Barroquinha, um no Goethe Institut e um no Campus da Ufba em Ondina. "Luedji Luna fez show com a gente também. Depois dessa série de eventos, a Festa Literária de Cachoeira (Flica) chamou a gente para uma atividade", conta Dayse.

A editora, que também já esteve presente na Flip, ainda funciona sem uma sede própria, em esquema de home office. Mas o sonho da Diálogos Insubmissos é ganhar o mundo.

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Tags:

muito, Diálogos Insubmissos, Educação básica do Nordeste

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