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Projeto pretende transformar Cine Excelsior em espaço para eventos

Por Tatiana Mendonça

14/03/2019 - 8:29 h | Atualizada em 21/01/2021 - 0:00
Inaugurado em 1935 e considerado o primeiro cinema católico de Salvador, o Excelsior entrou em decadência a partir dos anos 1980
Inaugurado em 1935 e considerado o primeiro cinema católico de Salvador, o Excelsior entrou em decadência a partir dos anos 1980 -

Tem uma história que contam de que o frei Hildebrando Kruthaup passava os filmes pela manhã no Cine Excelsior, na Praça da Sé, e cortava as cenas que considerava imorais. Só uns poucos jornalistas podiam ver com ele os filmes inteiros. Quem pagava os bilhetes via o mundo pelos olhos do frei.

Inaugurado na noite de 17 de abril de 1935, o Excelsior, considerado o primeiro cinema católico da Bahia, ocupou o lugar do antigo Cine São Jerônimo. Tinha o luxo das cortinas vermelhas emoldurando a tela grande, tinha a vista para a Baía de Todos-os-Santos aos fundos. De propriedade da Congregação Mariana de São Luiz, foi criado para servir de fonte de renda aos franciscanos. A programação andou casta por boas décadas, até virem as crises e a decadência.

Nos anos de 1980, o Excelsior foi arrendado e passou a exibir filmes eróticos – imaginem, por Deus, o desgosto absoluto de frei Hildebrando, morto em 1986. A diretoria da congregação botou um cartaz na porta para avisar que não tinha responsabilidade nenhuma pela qualidade dos filmes exibidos.

Imagem ilustrativa da imagem Projeto pretende transformar Cine Excelsior em espaço para eventos
| Foto: Arquivo A TARDE
O caso do Excelsior parou até na Justiça por causa da exibição de filmes eróticos

O caso foi parar na Justiça, para que fosse rescindido o contrato, e o cinema acabou desativado. No início dos anos 2000, um chuva fez ruir o telhado. Há muito tempo está oco, o Cine Excelsior, feito só de fachada. Onde antes formavam-se filas hoje há tapume, árvores, ambulantes. Só quem olha para o céu encontra seu nome no letreiro.

Mas é possível que a história deste filme mude. O lugar deve ser restaurado para servir a um propósito idêntico ao qual o fez nascer. A ideia é que, refeito, o cinema gere renda para manter um prédio imponente, o Palácio Arquiepiscopal de Salvador, também da Arquidiocese.

Imagem ilustrativa da imagem Projeto pretende transformar Cine Excelsior em espaço para eventos
| Foto: Arquivo A TARDE
Antiga sala de exibição do Cine Excelsior, na Praça da Sé

Em reforma desde 2015, o Palácio Arquiepiscopal vai abrigar o Museu da Igreja Católica no Brasil. A inauguração estava prevista para este mês, no dia 29 de março, data do aniversário de Salvador, mas é possível que atrase um pouco.

De todo jeito, o conselho responsável por gerenciar o Palácio da Sé reparou logo que seria preciso arrumar um jeito de manter o lugar. “A primeira coisa que nós vimos foi que ele não se sustentaria sozinho. Nenhum museu hoje, se não tiver uma receita extravisitação, se mantém. A gente tinha que correr atrás de alguma coisa para viabilizar”, conta o arquiteto Luiz Humberto Carvalho, que integra o grupo gestor e é responsável pelo projeto de restauro. A saída, o Cine Excelsior, estava ali do lado.

Há cerca de seis meses, Luiz e sua equipe trabalham para dar nova vida ao antigo cinema. Que, a bem da verdade, nem cinema será mais. Deve se transformar num espaço polivalente para eventos. O projeto já foi finalizado e está em análise pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). O prédio do Cine Excelsior não é tombado, mas como está próximo de um bem tombado, o Palácio Arquiepiscopal, precisa passar por este processo.

Maré de revitalização

No seu escritório no Dois de Julho, Luiz contou à Muito detalhes do projeto. A imagem externa deve ser preservada para manter a memória do lugar, e a antiga sala de espera vai virar uma lojinha de lembranças sacras da Bahia. Logo adiante vem um salão de festas com cozinha de apoio e vista para a escarpa que une a Cidade Baixa à Cidade Alta. Se o evento for grande, pode integrar-se ao estacionamento, e aí seria um festão para mil pessoas, conta Luiz.

No subsolo, está prevista uma área técnica para o museu do Palácio da Sé e uma pequena sala para os poucos irmãos da Congregação Mariana de São Luiz. No mezanino, o projeto propõe um outro salão com camarim, que pode virar um quarto para noiva. Há ainda um andar superior, com mais um salão, onde caberiam seiscentas pessoas. No último andar, o projeto prevê três salas que poderiam abrigar uma miniconvenção. E a integrar um prédio e outro, um muro baixo de vidro, como um jeito de dizer que passam a ser como uma coisa só.

Imagem ilustrativa da imagem Projeto pretende transformar Cine Excelsior em espaço para eventos
| Foto: Luiz Humberto Carvalho Arquitetura e Design
Projeto do salão térreo, com cozinha integrada

Se o projeto for aprovado no Iphan, segue para uma outra labuta, a captação de recursos via Lei Rouanet. E só aí começariam as obras, de fato. Até sair do papel para a vida real, iriam pelo menos dois anos, nas previsões mais otimistas de Luiz.

“Já conversamos com o BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social]. Infelizmente, a Bahia perdeu todos os mecenas possíveis. E agora nem a Petrobras...”, lamenta Luiz, reconhecendo que a missão no cenário atual não é das mais fáceis. Mas como o caso é manter o palácio, é importante que a coisa vingue, e logo.

Outros projetos similares, de transformar o Excelsior em centro cultural, ou casa de espetáculos multimídia, já ficaram pelo caminho nos últimos anos. Mais recentemente, em 2017, o ex-presidente da Câmara de Vereadores, Leo Prates, chegou a propor que se ele e os colegas mudassem para lá. Também deu em nada.

A “requalificação” agora pode funcionar seguindo a maré de revitalização do Centro Histórico de Salvador. Tem a nova Catedral Basílica, o Museu do Carnaval, o novo palácio. O Cine Excelsior pode muito bem entrar no bolo.

O fundamental, diz Luiz, é que a área se ordene. “É preciso arrumar aquilo de uma forma civilizada. Outro dia, tinha banheiro químico ao lado da Catedral recém-reformada. E uma baiana armando a barraca na escadaria lateral. Se você for à Praça da Sé agora, tem meio mundo de ambulantes, é uma coisa feia, sabe, sem cuidado... Fizeram uma feira lá no sábado e tinha antiguidade misturada com artesanato. Por que não deixar só as antiguidades, como em vários lugares do mundo? As pessoas criariam um ritmo de ir”.

Um outro espaço para eventos, também na região do Centro Histórico, segue em ritmo de obras já avançado. Os casarões de número 32 e 34, ao lado da Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, no Comércio, vão abrigar um cerimonial.

O restauro começou em 2015, dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Cidades Históricas, do governo federal. Orçada em R$ 14 milhões, é a terceira obra mais cara do programa na cidade. A previsão inicial era que a reforma fosse concluída em junho do ano passado.

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