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Publicitário baiano discute história e identidade nas redes sociais

Por Adriano Motta

04/12/2019 - 15:25 h | Atualizada em 10/12/2019 - 14:39
Louti Bahia, criador da página Amo a história de Salvador
Louti Bahia, criador da página Amo a história de Salvador -

Com 470 anos, Salvador tem muito o que contar. Da primeira capital do Brasil, rota obrigatória para navios no período colonial, aos tempos atuais, a cidade passou e passa por diversas transformações, físicas e culturais. Para contar essas mudanças, Luciano Bahia, ou Louti, como é conhecido, publicitário e apaixonado por arquitetura, criou a página Amo a história de Salvador, no Facebook, em 2014. De lá para cá, soma milhares de seguidores nas redes e está engajado na elaboração de um livro.

Louti mantém a página sozinho, o que para ele funciona como uma terapia. “Era o que sempre quis fazer. Mesmo se não tivesse nenhum seguidor, estaria publicando do mesmo jeito”, diz. O trabalho com a página surgiu a partir de seus trabalhos em arquitetura, área que pesquisa desde 2006. Embora não seja formado na área, cursou quase todos os semestres na Ufba. Foi no meio do curso que lhe ocorreu a ideia: “Em algumas matérias tinha acesso a fotos antigas de cidades. Aí passei a procurar fotos de Salvador e passei a publicar”.

A pesquisa sobre o funcionamento das cidades, que fazia na universidade e o levou a experiências na Europa, é parte fundamental de cada postagem. Achar as imagens nem sempre é tarefa das mais fáceis – passar horas em acervos públicos ou pagar por fotos é algo comum na rotina de Luciano na hora das publicações.

Costuma dizer que essa é parte mais difícil do trabalho. Certamente, é a menos lucrativa: já gastou alguns milhares em fotografias antigas, pois evita publicar fotos sem a autorização.

Mas uma marcante foi quando achou uma foto da breve passagem de Charles Darwin por Salvador, em 1831. “Já sabia que ele tinha passado por aqui mas nunca achava um registro disso. Um dia, apareceu uma ilustração feita por um dos membros da expedição. Foi um dos momentos mais felizes que tive”. Um texto contando a história por trás da foto, além das mudanças ocorridas na região, complementa a imagem.

Aliás, as alterações na cidade é um dos focos tanto da página quanto da sua paixão pelo estudo dos lugares. “A ideia não é só trazer fotos. É trazer também identidade, uma sensação de pertencimento em relação à cidade”.

Para ele, a propósito, é algo que é um dos motivos que fazem a página ter o grande número de seguidores que tem: somando

todas as redes, são 100 mil pessoas acompanhando as postagens. Em média, cada uma costuma render entre 10 mil a 15 mil views, mas por vezes alcançam a casa das centenas de milhares ou até milhões.

Água de Meninos

Louti diz que não são poucos os momentos em que as pessoas o abordam contando relatos pessoais envolvendo alguma postagem. “Teve um velejador ucraniano, Aleixo Belov, que viu uma postagem sobre Água de Meninos e lembrou que foi lá que aprendeu a nadar e recebeu seus primeiros óculos de mergulho. Hoje ele já deu cinco voltas ao mundo”.

Comum também ouvir pessoas dizendo que, depois de alguma publicação, passaram a olhar para um lugar onde frequentemente passavam sem dar muita atenção de um modo diferente. Para ele, é nesses momentos que valem as noites perdidas pela página. “As pessoas entregam muito mais para mim do que eu a elas”.

O pertencimento é um assunto que lhe toca muito. Foi um dos motivos para começar com Amo a História de Salvador, por sentir que não há na cidade a mesma noção de pertencimento do território público que viu em suas pesquisas pela Europa. “Aqui as pessoas não são tão conectadas ao espaço público. Não nos apoderamos disso. Conhecer a história é fundamental”, acredita.

Com foco no pertencimento, a página promove o Passeio na História, uma visita guiada pela cidade. Lá, fala-se sobre as transformações que moldaram Salvador ao longo do tempo, passando pelo século 15 até os dias atuais. O roteiro principal, por ora, é o Centro Histórico, seguindo o caminho por onde Salvador começou. “Não é só andar e falar dos prédios, é trazer todo o contexto histórico da cidade, do por que as coisas são como são. É uma aula de história no meio da história”. A caminhada dura umas quatro horas, costuma acontecer uma vez por mês e custa entre R$ 30 e R$ 40. É a única fonte de renda da página.

Para o próximo ano, sua intenção é estender o passeio para o subúrbio ferroviário. A ideia é também uma resposta a um dos pedidos que mais ouve dos seguidores: mais postagens sobre outros lugares da cidade, pois a maioria delas falam do Centro Histórico. Ele explica que fotos antigas de regiões que vieram mais tarde, como Cabula e Sussuarana, são mais difíceis de encontrar e, por isso, não fala tanto dessas regiões. Atualmente, o maior desejo é completar a publicação de um livro contando as transformações da cidade a partir de todo o material colhido e postado ao longo dos últimos cinco anos. A ideia é lançá-lo no primeiro semestre do ano que vem.

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