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Sônia Robatto: revolucionária e incansável

Confira o perfil da escritora e atriz Sônia Robatto

Por Pedro Hijo

09/03/2025 - 3:00 h
Imagem ilustrativa da imagem Sônia Robatto: revolucionária e incansável
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"É uma escolha da minha alma, é ela quem gosta de escrever para as crianças", diz a escritora e atriz Sônia Robatto quando perguntada sobre o que a motiva a seguir com o público infantil aos 88 anos. Moradora de Trancoso, no litoral Sul da Bahia, Sônia coleciona mais de 400 histórias feitas para crianças ao longo da vida e celebra a publicação do livro Uma casa mágica: o Teatro Vila Velha. O conto infanto-juvenil, lançado neste mês, passeia pelo universo lúdico e mágico do teatro soteropolitano que completa 61 anos em julho.

A arte é praticamente um componente genético na família de Sônia. Filha do cineasta Alexandre Robatto Filho, um dos pioneiros do cinema no estado, a baiana seguiu na carreira artística depois de uma provocação do pai. "Ele me disse que existia um curso de artes cênicas e eu me inscrevi", lembra. Sônia foi aluna da primeira turma da Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia. Ela até pensou em seguir a carreira de dançarina, mas a literatura e o teatro falaram mais alto.

O livro Uma casa mágica: o Teatro Vila Velha tem muito a ver com a porção atriz de Sônia. A obra faz parte da coleção Vila das Infâncias (selo Edições do Vila) e trata da capacidade da arte transformar vidas. O conto é uma referência ao Vila Velha, teatro que a baiana ajudou a criar e erguer.

Em 1964, sem local para se apresentar, Sônia e mais seis colegas de faculdade – Echio Reis, Carlos Petrovich, Othon Bastos, Carmen Bittencourt, Thereza Sá e João Augusto – foram até o gabinete do então governador Luís Viana Filho para pedir ajuda para montar um teatro. "Foi uma ousadia", lembra Sônia.

Com a solicitação, o grupo de amigos, que compunha a Sociedade Teatro dos Novos, recebeu um terreno e a promessa de uma armação metálica que daria conta de ser o teto e as laterais do projeto. "Só nos deram o terreno", conta a atriz. Já que tinham o espaço vazio, ergueram as mangas e passaram a fazer campanhas de arrecadação de materiais usados.

"'Os novos aceitam tudo o que é velho' era o nosso lema", diz. Receberam ajuda de empresas de tecidos, lojas de produtos de construção, além do auxílio de pintores e pedreiros. "Foi uma época maravilhosa".

Cinco anos depois, criou e foi a editora da revista Recreio, da Editora Abril. A publicação lançou as escritoras Ana Maria Machado e Ruth Rocha, dois dos maiores nomes da literatura infantil do país. "A Recreio era um sucesso!", lembra Sônia. "Eram 500 mil leitores por semana".

A revista foi reeditada em 2000, mas desta vez a autora não participou da equipe de produção. Segundo Sônia, a proposta era muito diferente da que havia sido criada por ela. "Eu era jovem, muito forte, disse não, porque eu sabia o que eu queria".

O poder imaginativo da literatura infantil é o que mais encanta Sônia. "Eu invento um gato mágico que canta e as crianças acreditam naquilo e seguem", diz a autora, que tinha 19 anos quando assinou o primeiro conto infantil. "Elas abrem o coração e a mente, é uma coisa forte que surge em mim quando escrevo".

O mesmo sentimento apareceu quando veio a ideia de criar Uma casa Mágica. O encantamento do teatro foi o que abriu a possibilidade da autora falar sobre esta forma de expressão artística para crianças. Ao ler sobre o teatro, diz Sônia, o público pode inventar personagens próprios e ser livre para criar o que quiser.

Imaginação

Algo que ameaça a capacidade das crianças de imaginar é o acesso fácil a aparelhos digitais, segundo a escritora. Em um mundo cada vez mais exposto a telas eletrônicas, a proximidade entre a criança e a criação de personagens é algo que Sônia pretende reforçar em seus livros. "É muito importante que os meninos inventem, e inventem juntos", alerta. "Se tudo for digitado, se for só ficar na frente da televisão assistindo desenho, essa capacidade de criação se perde um pouco".

Para a diretora-teatral, pesquisadora e arte-educadora Débora Landim, Sônia é uma mulher sempre à frente do tempo. “Me sinto privilegiada por compartilhar do convívio com ela”, diz. A relação entre as duas artistas teve início em 1998, no espetáculo Um tal de D. Quixote, onde ambas atuavam, e se consolidou ao longo dos anos com projetos como Pé de guerra (2000), adaptado do livro de Sônia.

A parceria resultou na criação da Companhia Novos Novos de Teatro, que tem como foco o público infanto-juvenil. Ao longo de 25 anos, Sônia se tornou amiga e incentivadora de Débora, com adaptações de seus livros para o teatro, como Ciranda do medo e Casa barriga. “Sônia é um exemplo para todos e, sobretudo, para nós, mulheres”, diz a pesquisadora.

Um tal de D. Quixote foi também um espetáculo importante para outra amiga de Sônia, a diretora e coreógrafa baiana Cristina Castro. A artista conheceu o trabalho da escritora infantil durante a montagem desta peça no Teatro Vila Velha. Cristina também faz parte da equipe do livro Vila das Infâncias, lançado este mês. A primeira publicação da coleção passa pela curadoria e produção de Cristina. "Ela é uma guerreira revolucionária e incansável. É uma escritora maravilhosa", celebra a baiana.

Sônia concorda com o adjetivo destinado pela amiga. “Realmente, eu estou sempre fazendo alguma coisa nova”, conta enquanto dá risadas. Nos últimos meses, ela gravou 50 histórias infantis para o canal do Teatro Vila Velha no YouTube e não deixou de escrever novos contos.

Para a nova geração de autores de obras para crianças, Sônia deseja cada vez mais inspiração. Já, para os leitores que ainda estão por vir, a escritora almeja que eles acreditem no próprio poder de criação. “Com essa capacidade, eles vão ter mais discernimento e vão entender que podem tudo o que quiserem na vida”.

Serviço:

O que: Uma casa mágica: o Teatro Vila Velha faz parte da Coleção de livros Vila das Infâncias. O projeto é uma realização do Teatro Vila Velha através do selo Edições do Vila.

Onde ler: O livro está disponível para leitura virtual no site https://issuu.com/teatrovilavelha. Para comprar a cópia impressa, entre em contato por mensagem direta no perfil do teatro no Instagram (@teatrovilavelha).

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