MUITO
Um sopro de esperança e humanidade
OUVIR, LER, VER
Por Ney Campello*
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Ouvir:
A arte tem o condão de unir holisticamente uma miríade de linguagens, num grande e saboroso caldeirão cultural, onde música, poesia, dança, teatro, cinema, artes plásticas e até mesmo as artes digitais são faces de uma mesma moeda. A arte é uma! Por isso é possível ouvir A Cor do Som (1977) dos músicos que acompanhavam os Novos Baianos, a exemplo de Armandinho, ou The sound of silence (1964) (O som do silêncio), música do icônico dueto formado por Paul Simon & Art Garfunkel, que fez muito sucesso nas décadas de 60 e 70, com seu estilo folk-rock. É o que indico para ouvir em absoluta e búdica concentração, certamente aguçará o poder criativo das almas ouvintes. Um mantra benfazejo para acalmar nossas mentes aceleradas e muitas vezes escassas.
Ler:
É inevitável que eu cometa o pecado capital do narcisismo, pois tenho revisitado quase que diariamente o meu livro de poesias, Tricô, o primeiro autoral escrito no entardecer do pós-60 anos, na esteira de Cora Coralina, Conceição Evaristo, Maria Valéria Rezende e Hilda Hilst, expoentes femininos da literatura brasileira. Isso me encorajou a publicar os fragmentos de sonhos e angústias que atravessaram minha existência, como registro no poema que titula o livro: “Assim me reconheço, pedaço a pedaço, como a agulha que desenha o traço; à noite me canso, de dia renasço. Para Guimarães Rosa: “Viver é um rasgar-se e remendar-se”, portanto, fiemos e com-fiemos na poesia, afinal como repito sempre: poesia é lavra que minera a alma! Eu indico Tricô, venha tricotar comigo!
Ver:
Ainda Estou Aqui! Para sugerir que assista se não assistiu, e volte ao cinema se já viu, para comover-se com essa obra-prima do cinema nacional, aplaudido de pé por 10 minutos no Festival de Cinema de Veneza, e que além de uma belíssima e sensível película do diretor Walter Salles, com um desempenho primoroso de Fernanda Torres, Globo de Ouro de Melhor Atriz, indicações ao Oscar com reais chances de vitória, é um soco no estômago dos totalitários e opressores que atacam as artes e a cultura nacional, geralmente o primeiro passo para aqueles que maquinam atacar a democracia e instaurar uma ditadura. Ainda Estou Aqui é um sopro de esperança e humanidade, em tempos sombrios da barbárie civilizatória. Super recomendo!
*Poeta, escritor, educador e pai de 3 filhos, seus maiores amores.
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