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MÚSICA

Vida longa ao choro do Regional Massaranduba

Nome Regional Massaranduba é uma referência aos conjuntos regionais de choro

Por Gilson Jorge

16/02/2025 - 2:00 h
Grupo musical Regional Massaranduba
Grupo musical Regional Massaranduba -

O grupo de chorinho Regional Massaranduba se preparava para encerrar a sua apresentação na Varanda do Sesi do Rio Vermelho, na noite da última segunda-feira, quando o flautista convidado Leandro Oliveira, o Tigrão, perguntou à plateia se alguém queria pedir uma música. Seria a penúltima do show. Um dos presentes sugeriu Noites Cariocas, de Jacob do Bandolim e Hermínio Bello de Carvalho. "Ótimo pedido!", exultou Tigrão.

Mas antes que a música fosse executada, o flautista percebeu a chegada de um garoto e o chamou para ir ao palco. Quando a criança começou a tocar Língua de Preto, de Honorino Lopes, multiplicaram-se nas mesas as mãos erguendo celulares para gravar um vídeo do prodígio.

Um "ele é um fofo" ecoou em meio às notas da música instrumental. O show, que tinha também como convidada a cantora Juliana Pereira, apresentou ao público um novo talento: o filho de Leandro Tigrão, Murilo Tigrinho.

É em busca dessa magia que o Regional Massaranduba, criado há dez anos, retomou as atividades em dezembro de 2024, com uma nova formação. Do grupo original, ficou apenas o percussionista Tadeu Maciel, um ex-candidato a historiador que agarrou um instrumento para tocar numa festa de uma amiga musicista e nunca mais quis soltá-lo. Tomou aulas de percussão na Pracatum; na Acasa, ONG de Sarajane; na Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb), e se profissionalizou, montando o Regional Massaranduba.

Em 2019, aconteceu uma pausa no conjunto. Seu parceiro Cadu Vasconcelos decidiu se dedicar ao jazz e mudou-se para a Europa, mas o percussionista se manteve fiel ao choro.

"É uma expressão genuinamente brasileira, carregada de símbolos e sabores", afirma Tadeu. Além da parceria desfeita, o músico virou pai e, no ano seguinte, veio a pandemia, fatores que o afastaram do circuito.

Em 2022, o trabalho foi retomado com outros músicos. E há dois meses surgiu a formação atual, com Natan Drubi no violão de sete cordas, Dudu Reis no cavaquinho e Raul Cunha no violão de seis cordas, que não participou dos shows nesta semana por motivos de saúde.

O nome Regional Massaranduba é uma referência aos conjuntos regionais de choro, que têm na formação instrumentos de sopro, cordas e percussão. A maior referência de regional de choro na Bahia é o grupo Os Ingênuos, criado em 1973 por Edson Sete Cordas e que tinha Cacau do Pandeiro como integrante. Massaranduba, por sua vez, é o nome de uma música de A Cor do Som, banda da qual Tadeu é fã. O músico declara-se esperançoso quanto ao público do Chorinho.

"Eu estou vendo um crescimento do consumo de samba, e de alguma forma as pessoas fazem uma conexão entre choro e samba, então estou percebendo também um maior consumo de choro", afirma Tadeu, ressaltando, entretanto, que ainda há menos rodas de chorinho do que na época de Os Ingênuos.

Apesar da permanente execução de clássicos do choro, o grupo pretende enveredar pelo repertório próprio também. "A gente está sempre reverenciando os antigos, mas é um desejo nosso trabalhar a música autoral", diz o percussionista, que considera importante que nas apresentações do grupo sejam ditos os nomes das obras e de seus compositores.

E essa foi uma semana ativa para o grupo. Além da participação no projeto Segundas do Chorinho, que acontece há 13 anos na Varanda do Sesi Rio Vermelho, os músicos também se apresentaram na quarta-feira na Roda de Chorinho do Bar Batatinha, na Ladeira dos Aflitos.

No auge do chorinho, na primeira metade do século 20, as gravadoras costumavam ter seus próprios conjuntos regionais, que acompanhavam músicos solistas e cantores de sucesso.

Um dos mais destacados grupos era o Regional do Canhoto, que tinha como flautista Altamiro Carrilho e que acompanhou Luiz Gonzaga em muitos discos. Em geral, esses grupos tinham dois violões. "O violão de sete cordas tem a função de fazer mais baixos. O de seis cordas tem a função de dobrar vozes com o de sete cordas e também de preenchimento harmônico", explica Natan Drubi, ao ressaltar que a Regional Massaranduba tem como ideia principal tocar chorinho da mesma forma que grupos como Regional do Canhoto e Época de Ouro tocavam.

“É uma formação muito ligada ao choro, mas se uma cantora de forró convidar a gente para tocar no São João, a gente vai lá e faz", declara o violonista.

Convidado frequente da Regional Massaranduba, o flautista Leandro Oliveira, o Tigrão, destaca o caráter amplo do trabalho dos amigos. "É um grupo totalmente aberto, mas que tem sempre um pé na referência do choro tradicional", avalia o músico paulista.

Sobre a performance junto ao grupo, Tigrão avalia: "É super legal quando eles me convidam a participar porque eu consigo de alguma forma tocar o repertório que eu aprendi, que eu estudei, e também colocar as coisas novas, minhas composições. Natan e Tadeu gostam de minhas músicas e sempre me incentivam a tocá-las", pontua o flautista.

Tigrão também aproveita para "corujar" o filho Murilo, que completou ontem 10 anos, e de vez em quando dá canja nos shows do Regional Massaranduba. "Ele é fera, né? Já tem o repertório todo na mão. Ele está crescendo e tendo mais consciência sobre o que sabe fazer", aponta Leandro. No momento em que tanto Tigrinho quanto a Regional Massaranduba celebram 10 anos de idade, vida longa ao chorinho.

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