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MUITO

Viver não é adiável

Luisa Sá Lasserre*

Por Luisa Sá Lasserre*

29/12/2024 - 2:00 h
Imagem ilustrativa da imagem Viver não é adiável
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Um ano é feito de um par de semestres, quatro estações, 12 meses, 52 semanas, 365 dias, 8.760 horas. E mais alguns milhões de chances de fazer alguma coisa disso… ou simplesmente adiar para mais tarde, para outra hora, outro dia, outro momento.

Quantos compromissos você adiou este ano? Talvez não com os outros. Mas, e com você mesmo? Algum plano por ora suspenso? Sonho interrompido? Projeto deixado para depois? O que você tanto quis e não fez? O que andou largando pelo meio do caminho?

Eu já adiei três vezes o exame importante que o plano não cobre. Melhor esperar virar o mês no cartão, amanhã não é um bom dia, semana que vem a agenda já está cheia. E assim vou empurrando para uma data mais na frente. Adiei também a visita a uma amiga por conta da distância. Adiei a leitura daquele livro mais grosso que eu adoraria ler, mas não agora. Adiei até mesmo escrever esta crônica.

A gente vive adiando as coisas, não é verdade? Fazer isso agora para quê? Deixa para mais tarde! Depois eu faço. Um dia eu ligo. Outra hora eu vou. Eu sei bem o que é isso. Agora nunca parece o momento certo para aquela coisa que sempre pode esperar mais um pouco, que sempre pode ser… adiada. Será?!

A verdade é que a gente pode adiar a tomada de uma decisão, mas não o incômodo de permanecer indeciso. Pode adiar as férias, mas não o cansaço acumulado. Pode adiar a conversa difícil, mas não o nó na garganta. Pode adiar a dieta saudável, a atividade física, a mudança no estilo de vida, mas não vai adiar a conta a pagar da saúde não cuidada.

Dá para adiar o término de um namoro, mas não o fim de uma relação. Dá para adiar a almejada mudança profissional, mas não a insatisfação de permanecer no mesmo lugar. Dá para adiar o tempo de se dedicar aos filhos, mas não o que se gasta para tentar recuperar quando já é um pouco tarde. É possível adiar compromissos marcados, mas não as consequências da falta de compromisso consigo próprio.

Viver não é adiável. Por mais que a gente tenha a ilusão do adiamento, do tempo de sobra, do relógio a nosso favor, a vida não pára um segundo nem nos dá trégua. Na dança das horas, os instantes se movem feito as águas dos rios que se juntam e correm para desaparecer no mar. Tudo é sempre movimento.

O que eu ainda aguardo? E você, o que espera? Um ano se vai, outro chega, e já não dá para adiar um instante sequer. O que é o depois, afinal? A vida está passando agora mesmo por nós. Ela passa e segue em frente. É sempre agora na casa do tempo.

Podem haver coisas que farão pouca diferença no nosso viver, mas, outras, sim, importam de verdade. E aí a gente pode adiar um dia, dois, três, até um ano ou mais, mas não uma vida inteira.

A escolha que não fazemos é outra que está sendo feita no lugar. Viver não é adiável.

*Luisa Sá Lasserre é autora do livro ‘Pensei, mas não disse’ (Ed. Patuá)

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