REINO UNIDO
Boris Johnson renuncia, mas segue no poder até escolha de sucessor
O primeiro ministro do Reino Unido deve ser substituído em outubro
Por AFP
Boris Johnson, sob pressão insuportável depois de perder o apoio do Partido Conservador devido a uma série incessante de escândalos, renunciou nesta quinta-feira, 7, como líder da formação, mas continuará como primeiro-ministro até a escolha do sucessor.
"É claramente a vontade da bancada parlamentar do Partido Conservador que deve haver um novo líder do partido e, portanto, um novo primeiro-ministro", afirmou Johnson ao anunciar a renúncia em uma mensagem à nação diante do famoso número 10 de Downing Street.
O Partido Conservador deve escolher nos próximos meses um novo nome para substituir Johnson, provavelmente a partir de outubro, como seu líder e, por consequência, como chefe de Governo.
Ao mesmo tempo, o controverso Johnson se declarou determinado a continuar governando o país e, para deixar claro, nomeou novos ministros e secretários de Estado nesta quinta-feira para substituir o elevado número de integrantes que deixaram o governo.
Os acontecimentos se aceleraram esta manhã, depois dos pedidos de demissão de quase 60 membros do governo Johnson, em uma sangria incessante que começou na terça-feira com a saída de dois pesos pesados: os ministros das Finanças, Rishi Sunak, e da Saúde, Sajid Javid.
Cercado por escândalos
Johnson conseguiu provocar o esquecimento por alguns meses dos múltiplos escândalos que o cercavam graças a sua ação determinada na ajuda à Ucrânia contra a invasão russa. O Kremlin afirmou nesta quinta-feira que deseja que "pessoas mais profissionais" cheguem ao poder no Reino Unido.
No início de junho, o primeiro-ministro sobreviveu a um voto de desconfiança do próprio partido, com o apoio de 211 dos 359 deputados conservadores, mas os 148 votos contra ele deixaram evidente o descontentamento interno. De acordo com a imprensa britânica, agora ele teria o apoio de apenas 65 deputados.
As regras do partido estabelecem que o procedimento não pode ser repetido durante 12 meses, mas muitos conservadores desejavam uma mudança para voltar a tentar a manobra contra Johnson.
Johnson está envolvido em polêmicas que vão do "partygate", o escândalo das festas em Downing Street durante as restrições sanitárias, ao financiamento irregular da reforma da residência oficial, passando por acusações de clientelismo.
As renúncias de Javid e Sunak aconteceram poucas horas depois de Johnson apresentar desculpas pela enésima vez, ao admitir que cometeu um "erro" por ter nomeado para um cargo parlamentar importante Chris Pincher, um conservador que renunciou na semana passada e reconheceu ter apalpado, quando estava embriagado, dois homens, incluindo um deputado, em um clube privado do centro de Londres.
Depois de afirmar o contrário em um primeiro momento, Downing Street reconheceu na terça-feira que o primeiro-ministro havia sido informado em 2019 sobre acusações anteriores contra Pincher, mas havia "esquecido".
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