MUNDO
COP28 retoma negociações sob pressão para concluir acordo
Segunda e decisiva rodada de tratativas tenta garantir consenso sobre combustíveis fósseis
Por AFP
A COP28 iniciou nesta sexta-feira, 8, a segunda e decisiva etapa das negociações em Dubai e muitos questionam se a reunião alcançará um acordo sobre os combustíveis fósseis.
"Vamos, por favor, concluir este trabalho", pediu o presidente da COP28, Sultan Ahmed Al Jaber, aos representantes de quase 200 países após a retomada das negociações climáticas, que devem terminar na próxima terça-feira, 12.
"Temos a possibilidade de (alcançar) uma mudança de paradigma que pode definir a economia mundial e o nosso futuro, além de colocar os mais vulneráveis no centro da ação climática", disse.
"Abandonar" ou "reduzir" o uso de petróleo, gás e carvão: basicamente, este é o dilema para a declaração final, que os ministros devem, a princípio, apresentar na próxima terça-feira, 12.
Também existe uma terceira opção, ainda mais polêmica, a de não mencionar em absoluto os combustíveis fósseis, que representam mais de 75% da matriz energética mundial.
Segundo as declarações dos diversos blocos de negociação em Dubai, o consenso tende para um compromisso na linguagem sobre o tema, que será mencionado de maneira específica na declaração final.
Os combustíveis fósseis têm um papel crucial na inflação dos países ricos e são uma parte vital do desenvolvimento dos mais pobres.
"Uma energia diferente"
"Eu estive em muitas COP e sinto uma energia diferente aqui, um sentimento de urgência", afirmou John Kerry, enviado especial do governo dos Estados Unidos para questões climáticas, na quarta-feira, quando terminou a primeira etapa da conferência.
A COP28 é a primeira conferência que faz um balanço da luta contra as mudanças climáticas desde 2015, quando foi assinado o Acordo de Paris, e pode ser a conferência "que mudará as regras do jogo", destacou Al Jaber.
As decisões devem ser adotadas por consenso nas conferências das partes (COP) da ONU.
Jaber distribuiu as tarefas até terça-feira em vários grupos de trabalho, copresididos por dois ministros de países, que receberão as sugestões dos participantes.
Uma primeira pausa para analisar o rascunho da declaração final deve acontecer no sábado, explicou Jaber.
China e EUA
"Precisamos prestar atenção sempre no que os grandes protagonistas estão discutindo", declarou Jennifer Allan, especialista em negociações climáticas do Earth Negotiations Bulletin.
Em Dubai, as relações entre Estados Unidos e a China dominam boa parte do ambiente de negociações, assim como a atitude da Rússia.
A União Europeia demonstra uma atitude ambiciosa na maioria dos temas.
Autoridades da China e dos Estados Unidos se reuniram no mês passado e concordaram que é necessário acelerar a implementação das energias renováveis para dar mais velocidade à substituição da produção de energia elétrica a partir do carvão, do petróleo e do gás.
Isto significa que um possível acordo para a declaração da COP28 poderia vincular o destino dos combustíveis fósseis ao aumento da produção de energia com fontes renováveis.
E isto passaria por triplicar a capacidade instalada de energias renováveis até 2030, assim como duplicar a eficiência energética.
Uma das metas do Acordo de Paris de 2015 é alcançar a neutralidade zero de emissões de gases do efeito estufa (emissões iguais às retenções) até 2050.
A COP28 começou de maneira otimista em 30 de novembro, quando todos os países aprovaram um fundo de perdas e danos para ajudar os países mais afetados pelas mudanças climáticas.
A criação do fundo foi negociada em apenas um ano e pode entrar em operação em 2024, com 700 milhões de dólares iniciais.
Outro tema que pode ter uma conclusão nos próximos dias é a sede da COP29, com o Azerbaijão como principal candidato.
A Armênia, país vizinho e que enfrenta o Azerbaijão em uma disputa territorial há várias décadas, retirou suas objeções.
Outras questões, no entanto, podem bloquear o resultado final, como o complexo capítulo dedicado à adaptação às mudanças climáticas.
Esta parte das negociações está em um ponto "lamentável", nas palavras de Jennifer Allan.
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