MUNDO
Espanha comemora discretamente os 500 anos da morte de Colombo
Por Agência AFP
MADRI - A Espanha comemorou neste sábado com relativa discrição o V Centenário da morte de Cristóvão Colombo, o descobridor sem se dar conta de um "Novo Mundo" em 1492.
Os festejos prevêem um grande concerto transmitido pela televisão para 3.
000 pessoas na Plaza Mayor de Valladolid (centro), a cidade castelã na qual morreu o navegante genovês aos 55 anos, no dia 20 de maio de 1506, em meio à indiferença geral, pobre e esquecido.
Missa em sua memória, assim como a inauguração de uma estátua, fizeram parte do programa no mosteiro de la Rábida, em Palos, perto de Huelva (sul), um lugar importante no longo percurso feito por Colombo até conseguir atravessar o Atlântico em nome dos Reis Católicos espanhóis.
Já os resultados de uma pesquisa de DNA para averiguar se Colombo nasceu em Gênova (Itália), que deveriam se tornar públicos na data de sua morte, não serão divulgados "antes de dois ou três meses" devido a um atraso na Itália, explicou à AFP o historiador espanhol Marcial Castro Sánchez, coordenador deste estudo internacional.
Colombo foi um marinheiro destacável, um explorador visionário e um negociador hábil. Entre essas qualidades se encaixa uma realidade complexa, segundo especialistas e comentaristas espanhóis.
Os primeiros biógrafos contemporâneos do navegador genovês o descreveram como um homem alto, louro, com formação sólida, de olhar atento - que transmitia autoridade - orgulhoso e um tanto irritável. Além das qualidades de cosmógrafo e marinheiro, Colombo "era um bom orador, um grande vendedor de projetos, e um negociante magnífico", destaca o estudioso Jésus Varela, para quem o navegador era um homem que encantava as mulheres.
Trabalhador incansável, um tanto modesto, Colombo mostrava-se generoso com os próximos e afetuoso com sua família, lembra a descendente Anunciada Colón De Carvajal. Um de seus traços mais característicos era "uma vontade de ferro", diz.
Sua coragem e tenacidade lhe permitiram atravessar o Atlântico, após ter preparado durante longo tempo a viagem e ter conseguido arrancar um acordo dos Reis Católicos. Mas essa "força de caráter", segundo a expressão usada por Alexandre de Humboldt, teve como resultado uma determinação de negar erros e buscar as riquezas e honras que acreditava merecer.
Filho de um modesto fiandeiro genovês, Colombo quis se converter em um Grande da Espanha, rico e reconhecido na corte, uma obsessão que lhe valeu uma animosidade permanente por parte da nobreza. Esse ânsia por benefícios o levou a cometer atos mesquinhos, como se atribuir a recompensa destinada ao primeiro que gritasse "Terra!", em 1492, quando o mérito foi de um simples marinheiro da expedição.
O desejo de enriquecer levou Colombo a "mostrar-se cruel com os índios, que caçou nas ilhas para vendê-los como escravos na Espanha", comentou Varela, para quem o navegador manteve o "espírito de comerciante" de sua juventude.
Católico fervoroso, Colombo queria converter os índios e se propunha a ajudar financeiramente a Espanha para "libertar" os Lugares Sagrados de Jerusalém, o que contribuiu para criar sua imagem de extremista religioso. "Mas ele não era um fanático", assinala Varela. Usava a religião, mais do que tudo, como um argumento para a "venda" de seus projetos à coroa.
Bom líder no momento do "Descobrimento", Colombo não soube depois governar as novas colônias sob sua responsabilidade. "Daria a ele um 10 em navegação e um 0 como governador", resumiu Anunciada.
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