ANTES E DEPOIS
Gorbachev liderou abertura que levou ao fim da guerra fria
Último presidente da União Soviética, no entanto, é criticado até hoje pela fragmentação do bloco

Por Alan Rodrigues

Mikhail Gorbachev foi o último presidente da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e, até hoje, é tido na Rússia como responsável pela desestruturação do bloco comunista europeu, principal referência política e fonte de financiamento de outros regimes comunistas.
Gorbachev chegou ao poder como secretário-geral do partido comunista em 1985, após a morte de Leonid Brezhnev e os governos de transição de Yuri Andropov e Constantin Chernerko. Logo nos primeiros anos de governo, sugeriu e liderou reformas do estado soviético e iniciou uma guinada na política externa.

Sob seu comando, a URSS retirou suas forças militares do Afeganistão e os repasses financeiros para Cuba e Coréia do Norte também foram reduzidos até cessarem. Com a Glasnost (transparência, em russo) Gorbachev iniciou um processo de democraização da informação, aumentando a liberdade de imprensa.
No campo econômico e administrativo, lançou a Perestroika (reestruturação), estimulando a abertura de empresas e liberando o culto religioso. Ao mesmo tempo, se aproximou do presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan, iniciando um processo de desarmamento nuclear que, para muitos, representou o fim da guerra fria. Essa política desarmamentista rendeu ao líder soviético o prêmio Nobel da Paz em 1991.

Desmembramento
Naquele mesmo ano, a abertura do regime deu início a um movimento de emancipação das repúblicas antes governadas por Moscou, o que resultou no fim da União Soviética. Criticado por não reprimir a escalada separatista, Gorbachev foi alvo de um golpe em agosto de 1991 e, em dezembro, renunciou ao cargo.

Criou uma fundação com seu nome e se tornou opositor dos governantes russos que o sucederam, Boris Ieltsin e o atual presidente, Vladimir Putin. Segundo interlocutores, Gorbachev, que vinha enfrentando problemas de saúde, era um crítico da guerra da Ucrânia, iniciada por Putin em fevereiro desse ano.

Em 2015, quando a tensão em torno da Ucrânia já era grande, Gorbachev alertou para o risco de uma ameaça nuclear e criticou a articulação do ocidente para enfraquecer a Rússia. Sete anos depois, a escalada de tensão se transformou na guerra que já se arrasta por mais de seis meses.
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