OPINIÕES DIFERENTES
Igreja Anglicana avalia se referir a Deus com pronome neutro
Um grupo conservador é contra e já vetou 235 mil libras que é enviado para a Igreja
Por Da Redação

Todos, todas ou todes? Os pronomes neutros invadiram os campus universitários do Brasil, as empresas e muitos outros grupos coletivos, mas o que é discussão aqui, também é lá, na Europa, invadindo o campo religioso. Já faz algum tempo que a Igreja Anglicana, estabelecida na Inglaterra do século XVI, através do rei Henrique VIII, demonstra flexibilidade para se adaptar à era contemporânea.
Há 50 anos, por exemplo, o templo já permite o acesso de mulheres ao sacerdócio e, mais recentemente, autorizou que se tornassem bispas, entre outras reformas em prol do grupo LGBTQIAPN+. Só que uma ala ainda mais progressista estuda a possibilidade de usar pronomes neutros para se referir a Deus.
O arcebispo da Cantuária, Justin Welby, que ocupa um dos cargos mais elevados na igreja e o mais graduado da hierarquia, instigou o debate com questionamentos a respeito da forma mais adequada de se referir ao Senhor Altíssimo.
“Deus não é Pai da mesma forma que um ser humano é pai. Deus não é definível”, afirmou o religioso de acordo com a revista Veja. Por não ser uma figura papal, alguns membros do clero já adotaram a linguagem neutra antes de qualquer autorização informal.
Mas a discussão sobre o uso do pronome neutro não foi bem recebida universalmente. Um grupo de padres tradicionais de Londres fundaram uma estrutura independente dentro da Igreja Anglicana e planejam reter sua contribuição anual de 235 mil libras para a diocese de Oxford, em protesto.
De acordo com a revista Veja, essa medida tem o apoio do conservador Conselho Evangélico, pois acreditam que esse incentivo representa um “afastamento da Bíblia”. Às vésperas de sua coroação, o rei Charles III, ainda não se manifestou publicamente sobre as inovações da igreja que lidera.
No entanto, esse viés liberal não é novidade em uma igreja que já foi fundada em solo moderno, para atender a interesses políticos. O rei Henrique VIII era casado com Catarina de Aragão, mas de todos os filhos que tiveram juntos, apenas uma única filha sobreviveu, assim sua descendência estava comprometida, pois precisava de um herdeiro para assumir o trono em seu lugar.
Desta forma, o rei pretendia se divorciar para se casar novamente, no entanto, o papa Clemente VII não aceitou seu pedido de anulação do casamento. Em 1534, o rei, através do Ato de Supremacia, ordenou que fosse criada a Igreja Anglicana, com a qual sobrepunha o poder do Estado sob o poder da Igreja. Assim, o monarca ficou livre para se casar com sua amante Ana Bolena, já em 1533.
A rainha consorte dá à luz a futura rainha Elizabeth I. Mas, Ana Bolena perdeu dois filhos homens, fazendo com que o rei a rejeitasse. Com a obsessão em ter um herdeiro homem, acusou Ana Bolena de adultério. Ela foi presa e condenada à morte por decapitação, em 1536, deixando o rei livre para se casar mais uma vez.
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