FAIXA DE GAZA
Israel retoma controle após ataque 'sem precedentes' do Hamas
Tropas batalham em sete ou oito pontos nos arredores da Faixa de Gaza
Por AFP e Redação
O Exército tem "o controle" das localidades do sul de Israel atacadas desde o início da ofensiva, no sábado, do movimento palestino Hamas a partir de Gaza, declarou um porta-voz militar, no terceiro dia de combates.
"Temos controle das comunidades", declarou o general Daniel Hagari, porta-voz do Exército israelense, em uma declaração televisionada à imprensa, acrescentando que "ainda pode haver terroristas na área".
Hagari destacou também que as tropas batalharam em sete ou oito pontos nos arredores da Faixa de Gaza, com quatro divisões de combate instaladas na região sul do país. Ainda segundo a defesa de Israel, a operação para retomar a segurança na localidade levou mais tempo do que o estimado.
Conflito segue
Após três dias do primeiro ataque, o ministro da defesa de Israel, Yoav Galant, ordenou o bloqueio total de Gaza e afirmou: "sem eletricidade, sem alimentos e combustível". Para ele, a medida faz parte de um movimento contra as pessoas violentas. Ainda de acordo com Gallant, a Faixa de Gaza vai pagar um "preço pesado, que vai mudar a realidade de gerações".
Segundo levantamento da Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 123 mil pessoas foram internamente deslocadas dentro da Faixa de Gaza. Relatos de escassez de alimentos na região também foram registrados.
Dados desta segunda-feira indicam que o conflito já provocou a morte de ao menos 1.200 pessoas, sendo 700 em Israel e 493 na Faixa de Gaza. Na Cisjordânia, pelo menos sete pessoas morreram.
Reféns civis e militares
O Exército israelense também concentra seus esforços em salvar os mais de 100 cidadãos sequestrados pelo Hamas, de acordo com o governo, ocorrência sem precedentes na história do país.
"O que aconteceu não tem precedentes em Israel", reconheceu o primeiro-ministro do país, Benjamin Netanyahu.
Segundo as forças israelenses, 1.000 combatentes deste grupo islâmico participaram da "invasão de Israel", afirmou um porta-voz na rede social X (antigo Twitter).
"Civis e soldados estão nas mãos do inimigo, são tempos de guerra", afirmou o chefe do Exército israelense, general Herzi Halevi.
Netanyahu pediu aos cidadãos de seu país que se preparassem para uma guerra "longa e difícil" e o Exército anunciou que removeria todos os habitantes das áreas próximas da Faixa de Gaza.
Em Jerusalém, sirenes de alerta antifoguetes foram acionadas por volta do meio-dia (6h no horário de Brasília), seguidas rapidamente por várias explosões, relataram jornalistas da AFP nesta localidade.
Vários cidadãos de outros países morreram na ofensiva, alguns com dupla nacionalidade israelense, incluindo 12 tailandeses, 10 nepaleses e quatro americanos. Pelo menos três brasileiros estão desaparecidos e um, hospitalizado, de acordo com o governo.
"É de longe o pior dia da história de Israel", declarou o porta-voz do Exército deste país, para o qual o ataque pode ser "ao mesmo tempo um 11 de Setembro em um [ataque a base militar] Pearl Harbor".
Jonathan Panikoff, diretor da Iniciativa de Segurança do Oriente Médio Scowcroft, considera que "Israel foi pego de surpresa neste ataque sem precedentes", e "muitos israelenses não entendem como isso pôde acontecer".
"Tudo falhou"
Para Yaakov Shoshani, de 70 anos, morador da cidade israelense de Sderot, perto da Faixa de Gaza, "todos os sistemas fracassaram, sejam os serviços de informação, de Inteligência militar, civil, os sistemas de detecção, a cerca da fronteira, tudo falhou".
O ataque do Hamas também foi condenado por diversos países ocidentais. Os Estados Unidos começaram a enviar ajuda militar a Israel no domingo (8), além de direcionarem seu porta-aviões "USS Gerald Ford" para o Mediterrâneo.
Nesta segunda-feira, a China condenou quaisquer "ações que atentem contra os civis" e defendeu um cessar-fogo. A Rússia e Liga Árabe, que rejeita a violência "de ambos os lados", disseram que vão trabalhar para "pôr fim ao derramamento de sangue".
No mesmo dia, a União Europeia (UE) convocou uma reunião de emergência com seus ministros das Relações Exteriores.
Já o Irã, que mantém relações estreitas com o Hamas, foi um dos primeiros países a aplaudirem a ofensiva deste grupo palestino. Rejeitou, no entanto, as acusações de seu papel na operação, afirmando que são "baseadas em motivos políticos".
Israel, que ocupa a Cisjordânia desde 1967, anexou Jerusalém Oriental e impõe um bloqueio à Gaza desde que o Hamas tomou o poder no enclave em 2007.
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