MUNDO
Joe Biden é eleito o 46º presidente dos Estados Unidos
O democrata Joe Biden venceu a corrida à Casa Branca contra Donald Trump, neste sábado, 7, uma vitória que marca uma virada histórica para os Estados Unidos e o mundo. Após quatro dias de suspense, o candidato democrata e ex-vice-presidente de Barack Obama venceu com 273 delegados, graças a uma vitória no importante estado da Pensilvânia, de acordo com a CNN, NBC e CBS. Aos 77 anos de idade, Biden se tornará o 46º presidente dos Estados Unidos.
A projeção da vitória de Biden veio com os resultados na Pensilvânia, estado reconquistado neste ano e que os democratas perderam para Trump em 2016. Com o resultado, o presidente eleito atingiu ao menos 273 votos no Colégio Eleitoral, acima do mínimo de 270. Já o republicano conquistou, até o momento, 214.
A disputa acirrada em Estados-chave já levada à Justiça por Trump, que argumenta ter havido fraude na eleição, sem apresentar provas. O republicano pede recontagem de votos no Wisconsin, onde Biden ganhou com cerca de 20 mil votos a mais, margem de vantagem semelhante ao que Trump obteve no Estado em 2016.
O secretário de Estado da Geórgia, Brad Raffensperger, afirmou nesta sexta-feira que o Estado fará a recontagem dos votos. As estatísticas apontam empate de 49,4% dos dois candidatos na Geórgia, com 98% das urnas apuradas. Contestações de Trump em outros Estados foram recusadas pela Justiça.
A Pensilvânia é um dos mais importantes do Colégio Eleitoral, pois dá ao seu ganhador 20 delegados. Biden alcançou a vitória ao atingir mais de 30 mil votos de vantagem frente a Trump, com 99% da apuração concluída. Os estados do Arizona, Nevada, Geórgia, Carolina do Norte e Alaska não encerraram a contagem. As previsões apontam para uma vitória do democrata nos três primeiros, e de Donald Trump nos outros.
No total, Biden já soma mais de 74 milhões de votos, recorde nos Estados Unidos e um marco num país onde a participação não é obrigatória. Já Trump teve pelo menos 70 milhões.
O democrata chega à presidência dos Esados Unidos com propostas que vão do aumento do salário mínimo a um investimento pesado em pesquisa e tecnologia para combater as mudanças climáticas. Além disso, ele precisará comandar uma política de recuperação econômica para tentar desafogar o país que registrou uma queda de 32,9% no PIB no segundo trimestre em função pandemia do novo coronavírus.
Antes de tomar posse, ele deverá enfrentar uma série de batalhas judiciais contra o resultado da eleição, já que a campanha de Trump segue alegando que houve fraude causada pela grande votação pelo correio. Trump chegou a dizer que não cederia ao poder caso desconfiasse de problemas no processo.
Desde o início da corrida, Trump tentou desacreditar o voto pelo correio e dizer que o sistema poderia beneficiar os democratas por meio de fraudes eleitorais. Especialistas, e até os próprios estados, porém, negam que o sistema eleitoral seja suscetível a fraudes. Existe o receito que uma série de divergências marque a transição de poder entre os dois governos.
Perfil
Biden é um político marcado pela tragédia e será o presidente mais velho a assumir a presidência dos Estados Unidos. No início de sua carreira no Congresso, no entanto, Biden chegou ao Senado americano como um dos parlamentares mais jovens da história do país.
Depois de três décadas no Capitólio, durante oito anos foi o vice-presidente de Barack Obama, o primeiro presidente negro dos Estados Unidos. Biden acumulou alguns contratempos ao lado de suas vitórias, em particular duas tentativas fracassadas de candidatura à presidência, em 1988 e 2008.
Inclusive na atual disputa ele começou mal, com derrotas nas primárias para o senador esquerdista Bernie Sanders em Iowa, New Hampshire e Nevada.
Mas se recuperou com uma grande vitória na Carolina do Sul, graças ao apoio dos afro-americanos, uma base eleitoral fundamental dos democratas.
Lado humano
A mensagem de Biden está construída em boa parte sobre sua associação com Obama, que mantém grande popularidade, e em sua proposta de uma política de moderação em um momento de grande divisão. A campanha do democrata procurou exibir o lado humano dele, em profundo contraste com o estilo de Trump, que se apresenta como um conquistador.
Em 1972, a primeira esposa de Biden, Neilia Hunter, e a filha de um ano do casal, Naomi, morreram em um acidente de carro quando faziam compras de Natal, poucas semanas depois de sua vitória na eleição para o Senado por Delaware.
A tragédia deixou seus filhos Beau, de 4 anos, e Hunter, de 2, com ferimentos graves. Biden, que tinha 30 anos, fez o juramento como senador ao lado de suas camas no hospital. Em 1975, Biden conheceu Jill Jacobs, uma professora da Pensilvânia. Se casaram dois anos depois e tiveram uma filha, Ashley.
Os filhos se recuperaram do acidente e Beau seguiu os passos do pai na política, chegando a ocupar o cargo de procurador-geral de Delaware. Ele almejava disputar o governo do estado, mas faleceu aos 46 anos, vítima de câncer cerebral, em 2015.
No início de abril, durante uma sessão perguntas e respostas com simpatizantes, Biden fez um comentário sobre a força de espírito e citou o primeiro-ministro britânico durante a Segunda Guerra Mundial, Winston Churchill: "Se você está atravessando o inferno, não pare".
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