MUNDO
Massacre em escola amish: assassino planejava abusar das meninas
Por Agência AFP
O número de vítimas do massacre de segunda-feira em uma escola amish de Pensilvânia subiu para cinco meninas mortas por um homem que pretendia abusar sexualmente delas, como já o fizera com outras crianças quando tinha apenas 12 anos de idade.
Segundo revelações feita pela polícia, o caminhoneiro Charles Roberts declarou, numa ligação telefônica para sua esposa feita no momento em que mantinha as crianças reféns na escola de Nickel Mines, que havia abusado sexualmente de crianças há 20 anos e afirmou, em uma carta, que sonhava fazer isso de novo.
"Ele disse: "Não vou voltar para casa" e acrescentou que havia abusado sexualmente de crianças de sua família, que tinham entre 3 e 4 anos, 20 anos atrás", declarou o porta-voz policial Jeffrey Miller
O assassino também estava traumatizado com a perda, há nove anos, de um bebê prematuro. "Ele queria se vingar de Deus, e disse que se odiava", contou Miller em entrevista coletiva.
"É possível que ele tenha pensado em molestar suas vítimas antes de matá-las", acrescentou o porta-voz, destacando que o assassino carregava com ele objetos de natureza sexual quando invadiu a escola.
O policial disse não dispor de nenhum elemento permitindo especificar que abusos - carícias ou estupros - o homem teria cometido há 20 anos. Também indicou que não havia evidências de que Roberts tenha abusado das alunas amish antes de executá-las. Charles Roberts era conhecido até então como um pai de família tranqüilo, que havia passado um fim de semana normal, segundo a polícia. Os membros de sua família não sabiam das agressões sexuais evocadas na conversa com sua esposa, segundo Miller.
Roberts, que entregava leite na comunidade amish, trabalhou normalmente até a noite anterior ao ataque e, pela manhã, levou os três filhos ao ponto de ônibus escolar, antes de se encaminhar para Nickel Mines.
Seu ataque foi meticulosamente planejado. Ele levou madeiras e pregos para pregar portas e janelas, além de algemas, lubrificante e outros itens de ordem sexual, que planejava usar com as meninas antes de executá-las.
Na escola amish, construída no meio de um campo e constituída de uma única sala, ele separou as crianças, libertando os meninos e os adultos, e alinhou e amarrou 11 meninas no quadro negro.
"Sua mulher e sua filha não perceberam nada. Parece agora evidente que ele tinha planejado tudo", disse o porta-voz da polícia. Ele pretendia permanecer na escola, e tinha equipamentos, munições e armas suficientes para agüentar lá por um bom tempo.
A polícia achou uma pistola 9mm, um revólver, um rifle, uma arma de tonteio, duas facas e muita munição junto ao corpo de Roberts.
A família Roberts emitiu um comunicado que afirma: "Nossas vidas estão arrasadas, e oramos pelas vidas inocentes que foram perdidas hoje".
As vítimas do massacre são Naomi Rose Eversole, de 7 anos, Anna Mae Stoltzfus, de 12, Marian Fisher, de 13, Mary Liz Miller, de 8, e sua irmã Lina Miller, de 7.
Outras três meninas, de 8, 10 e 12 anos, foram operadas e se encontram em condição crítica. Mais duas sobreviventes, de 6 e 13 anos, também apresentam estado grave.
A identificação das meninas foi complicada pela ausência de fotos - em uma comunidade que considera isso tecnologia - e pelo fato de seus pais não terem documentos.
O presidente americano George W. Bush, em visita na Califórnia, declarou que ele e sua esposa Laura estavam "desolados e muito preocupados" com a recente onda de ataques em escolas.
"Choramos com os pais e também nos preocupamos com a segurança nas escolas", disse Bush, acrescentando que seu governo planeja reuniões sobre segurança nos estabelecimentos escolares na próxima semana.
A comunidade amish tem 50.000 membros em Pensilvânia. Eles rejeitam a modernidade, só se deslocam de carroça puxada por cavalos e não possuem telefone ou eletricidade. Os amish são pacíficos e são descendentes de cristãos suíço-alemães.
Seus hábitos e costumes ficaram mundialmente conhecidos com o filme "A testemunha", de 1985, em que Harrison Ford é um policial que se esconde numa comunidade amish para proteger um menino que presenciou um crime.
Nos Estados Unidos, onde três ataques mortíferos foram registrados em menos de uma semana em escolas de Wisconsin, Colorado e Pensilvânia, o debate sobre a posse de armas de fogo voltou à tona.
Os jornais New York Times e Washington Post criticaram a liberdade de porte de armas nos Estados Unidos.
"Esperamos que a catástrofe que atinge a comunidade amish de Nickel Mines acorde a nação e a leve a fazer algo sobre uma folia que ela pode controlar", escreveu o Post.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Siga nossas redes