MUNDO
Milei enfrenta segunda greve geral contra 'ajuste brutal' na Argentina
Movimento foi convocado pela Confederação Geral do Trabalho (CGT)
Por AFP
O presidente da Argentina, Javier Milei, enfrenta nesta quinta-feira, 9, a segunda greve geral contra o "ajuste brutal" do seu governo, que paralisa os serviços de transporte terrestre, marítimo e aéreo; assim como instituições educacionais, financeiras e empresas em todo o país.
Convocada pela Confederação Geral do Trabalho (CGT), a greve de 24 horas não prevê mobilização nas ruas e conta com o apoio dos trabalhadores do Estado, da saúde, do turismo, das estações ferroviárias de Buenos Aires, entre outros.
No seu apelo, a CGT acusa o governo ultraliberal de Milei de carecer de "diálogo social" e de implementar "um ajuste brutal que é especialmente sofrido pelos setores de baixa renda, pelas classes médias assalariadas, pelos aposentados e pensionistas".
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A Argentina vive uma forte recessão econômica, com uma inflação próxima dos 290% na comparação anual e um ajuste fiscal que permitiu no primeiro trimestre do ano o primeiro superávit fiscal desde 2008, mas às custas do fechamento de órgãos do Estado, milhares de demissões, eliminação de subsídios, aumento das taxas de serviço público e deterioração de salários e aposentadorias.
O governo "apenas se vincula a representantes de interesses amigos (e) ataca e rejeita os trabalhadores e as suas organizações", acusou a central sindical em um comunicado.
A greve ocorre após a greve geral de 12 horas do dia 24 de janeiro e após manifestações quase diárias contra o ajuste do governo.
O maior protesto ocorreu no dia 24 de abril, quando centenas de milhares de pessoas marcharam por todo o país em defesa da universidade pública, que vê a sua continuidade ameaçada por falta de orçamento.
A marcha universitária foi um alerta para Milei, já que "a opinião pública estava disposta a se mobilizar em certas questões que considera bens coletivos e que estão acima da polarização política", disse à AFP o cientista político Gabriel Vommaro.
Portos paralisados
A Presidência argentina estimou que a greve afetará 6,6 milhões de pessoas.
Quase 400 voos foram cancelados e 70 mil passageiros foram prejudicados, segundo a Associação Latino-Americana e do Caribe de Transporte Aéreo (Alta).
Enquanto isso, os sindicatos dos trabalhadores portuários da periferia de Rosário (Santa Fé, norte), por onde o país exporta 80% da sua produção agroindustrial, afirmaram que "tudo vai parar".
"Será uma greve ativa e pacífica e os dirigentes visitarão as 17 empresas que temos na região para debater com nossos colegas", disse Martín Morales, dirigente sindical da cidade de San Lorenzo, que concentra os portos ao norte de Rosário.
A greve ocorre em plena "colheita espessa”, período de maior produção deste importante exportador global de alimentos.
"Não temos um problema com as empresas, há um problema onde não podemos olhar para o lado e é de natureza nacional", continuou o dirigente.
"Fundamentalistas do atraso"
Apesar de uma ligeira queda em abril, diversas pesquisas recentes colocam a imagem positiva de Milei entre 45% e 50%. "Seu apoio continua muito sólido", disse Vommaro.
Essa é uma estabilidade notável para um governo que, em apenas cinco meses, infligiu o que Milei descreve como "o maior ajuste na história da humanidade".
"O limite do ajuste é a capacidade de resistência dos ajustados", disse Carlos Heller, ex-banqueiro e deputado da oposição, crítico ao governo.
O porta-voz da presidência, Manuel Adorni, considerou na quarta-feira que a greve responde a interesses políticos. "Param aqueles que querem continuar fazendo da Argentina um caminho de servidão, os fundamentalistas do atraso que são um fardo nas costas dos trabalhadores", acusou.
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