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Presidente chinês vai encontrar Putin para debater situação na Ucrânia

Xi Jinping afirmou que visita à Rússia dará um "novo impulso" às relações entre Pequim e Moscou

Publicado segunda-feira, 20 de março de 2023 às 10:41 h | Autor: AFP e Redação
Xi foi recebido com todas as honras ao desembarcar no aeroporto internacional de Vnukovo de Moscou
Xi foi recebido com todas as honras ao desembarcar no aeroporto internacional de Vnukovo de Moscou -

O presidente da China, Xi Jinping, desembarcou nesta segunda-feira, 20, em Moscou para uma reunião com o homólogo russo, Vladimir Putin, na qual os dois vão discutir o plano de paz de Pequim para o conflito na Ucrânia.

Xi foi recebido com todas as honras ao desembarcar no aeroporto internacional de Vnukovo de Moscou. O presidente chinês afirmou que a visita de três dias à Rússia dará um "novo impulso" às relações entre Pequim e Moscou, em declarações publicadas pelas agências de notícias russas.

A China está "disposta a permanecer de maneira firme ao lado da Rússia", em nome de um "verdadeiro multilateralismo e de uma multipolaridade no mundo", acrescentou.

De acordo com o Kremlin, Xi e Putin terão um encontro informal nesta segunda-feira e discussões oficiais na terça-feira. Eles vão conversar sobre o plano apresentado no mês passado por Pequim para solucionar o conflito com a Ucrânia. Depois de participar na recente reconciliação diplomática entre Arábia Saudita e Irã, Pequim deseja atuar como mediador na Ucrânia.

Para China e Rússia, a viagem tem o objetivo particular de demonstrar a força de sua relação, no momento em que os dois países enfrentam tensões com as potências ocidentais.

Segundo Putin, cada vez mais isolado no cenário internacional, a visita de Xi é especialmente importante. Na sexta-feira, 17, o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu uma ordem de prisão contra o presidente russo por "crimes de guerra" na Ucrânia. 

"Espero trabalhar com o presidente Putin para adotar, em conjunto, uma nova visão nas relações", escreveu Xi em um artigo publicado no jornal Rossiyskaya Gazeta e também divulgado pela agência estatal chinesa Xinhua. "É uma viagem de amizade, cooperação e paz", acrescentou.

Putin elogiou "a vontade da China de ter um papel construtivo na resolução" do conflito e considerou que "as relações Rússia-China alcançaram o ponto mais elevado", em um texto publicado em um jornal chinês.

Apelo de Kiev

A China não condenou publicamente a ofensiva da Rússia e criticou o governo dos Estados Unidos por fornecer armas à Ucrânia. No fim de fevereiro, Pequim apresentou um plano de 12 pontos para pedir negociações de paz e o respeito à integridade territorial.

O Kremlin acusou nesta segunda-feira Washington de atiçar o conflito na Ucrânia e "inundar" este país com armas.

Kiev reiterou o apelo para que a Rússia retire as tropas de seu território e afirmou que para o plano de Pequim ter sucesso é necessária "a rendição ou a retirada das forças de ocupação russas do território ucraniano".

A postura de Pequim foi criticada pelos países ocidentais, que consideram que o país oferece cobertura diplomática à guerra russa e que suas propostas não apresentam soluções práticas.

O governo dos Estados Unidos já afirmou que não apoiaria um novo pedido chinês de cessar-fogo durante a visita de Xi a Moscou.

O The Wall Street Journal informou que Xi pode estar planejando a primeira conversa por telefone com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, desde o início do conflito.

Padrões duplos

A visita de Xi permite à Rússia mostrar que não está tão isolada, ainda mais depois que Putin foi acusado pelo TPI de "deportação ilegal" de menores de idade ucranianos. A Rússia anunciou que abriu uma investigação contra o procurador do TPI, Karim Khan.

"O Comitê de Investigação da Rússia abriu um processo criminal contra o procurador do Tribunal Penal Internacional, Karim Ahmad Khan, e contra vários outros magistrados", anunciou o organismo em um comunicado, em que cita como base a decisão "ilegal" de solicitar a detenção de Putin. 

Ao ser questionado sobre o tema, o porta-voz da diplomacia chinesa, Wang Wenbin, afirmou que o tribunal deveria "manter uma postura objetiva e imparcial e respeitar a imunidade de jurisdição dos chefes de Estado com base no direito internacional". Também pediu ao TPI que "evite a politização e os padrões duplos".

Em um gesto de desafio, Putin visitou no domingo a cidade ucraniana de Mariupol, em sua primeira viagem a um território capturado de Kiev desde o início da ofensiva em 24 de fevereiro de 2022.

A visita de Xi também tem um aspecto econômico importante, depois que a Rússia reorientou sua economia para a China devido às sanções ocidentais. De acordo com Kremlin, Putin e Xi assinarão vários documentos, em particular sobre a cooperação entre os países até 2030.

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