MUNDO
Projetos chineses ao redor do mundo apresentam falhas de construção
Situação ameaça partes essenciais da infraestrutura e pode sobrecarregar os países com mais custos
Por Da Redação
A baixa qualidade da construção de alguns megaprojetos da China ao redor do mundo ameaça prejudicar partes essenciais da infraestrutura e sobrecarregar os países nos próximos anos com mais custos para resolver o problema, conforme o site Valor Econômico.
Um exemplo dos projetos chineses comprometidos é a usina hidrelétrica de Coca Codo, instalada no Equador. O empreendimento, de US$ 2,7 bilhões, vem sofrendo com a erosão nas encostas que ameaçam danificar a barragem por conta de falhas na construção.
Em entrevista à publicação, o engenheiro da Universidade de San Francisco, em Quito, Fabricio Yépez, acompanha os problemas do projeto e relatou que é possível 'perder tudo'. "E não sabemos se isso poderá acontecer amanhã ou daqui a seis meses", disse.
Nos últimos dez anos, como parte da iniciativa do Cinturão e da Rota (BRI, na sigla em inglês), também conhecida como Nova Rota da Seda, de Pequim, a China distribuiu US$ 1 trilhão em créditos internacionais. A medida foi pensada para desenvolver intercâmbio econômico e expandir a influência da China por países da Ásia, África e América Latina.
A iniciativa tornou Pequim como a maior credora governamental do mundo em desenvolvimento, com créditos que somam quase o total combinado dos demais governos, segundo o Banco Mundial.
No entanto, essas práticas têm sido criticadas por outros líderes estrangeiros e economistas, que alegam que o programa chinês contribuiu para as crises de dívida em países como o Sri Lanka e a Zâmbia. Os especialistas ainda alertam que muitos países enfrentam dificuldades para pagar os empréstimos. Além disso, alguns projetos foram classificados como desproporcionais para as necessidades dos países e até prejudiciais ao ambiente.
Conforme o ex-ministro de Energia do Equador e ex-secretário-geral da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), René Ortiz, apontou baixa qualidade dos equipamentos e peças nos projetos de construção chinesa.
A Embaixada da China no Equador não se manifestou sobre os problemas do projeto da hidrelétrica. Entretanto, em uma carta publicada no perfil no Twitter, a Embaixada destacou que os projetos e empréstimos chineses proporcionam 'benefícios tangíveis' ao Equador em um momento que o país precisava de financiamento.
De acordo com o site, o dinheiro chinês financia obras variadas pelo mundo, desde um porto no Paquistão até uma linha de transmissão no Brasil e estradas na Etiópia. As construtoras chinesas participam de licitações para projetos públicos ou apresentam os projetos diretamente às autoridades locais, além da promessa de que podem obter com facilidade pacotes de financiamento de bancos e firmas de seguro da China.
Além dos problemas na hidrelétrica no Equador, também vieram à tona falhas na usina de Neelum-Jhelum, no Paquistão, que precisou ser fechada em 2022, após as autoridades locais detectarem rachaduras num túnel que transportava água através de uma montanha para acionar uma turbina.
O fechamento da usina ocorreu depois de quatro anos de operação e custa US$ 44 milhões mensais ao país desde julho, devido ao aumento no custo da eletricidade, segundo a agência reguladora do setor. A vida operacional das usinas hidrelétricas é de até 100 anos, conforme informações do Banco Mundial.
Ainda de acordo com o site, o governo chinês não comentou as críticas aos projetos chineses e as práticas de financiamento e empréstimo.
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