EM ALERTA
Trump diz que prisão pode ser 'ponto de ruptura' para seus apoiadores
Trump, de 77 anos, foi declarado culpado de 34 acusações de falsificação de documentos
Por AFP
O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, condenado esta semana por um júri de Nova York, disse em uma entrevista transmitida neste domingo (2) que uma pena de prisão pode ser "um ponto de ruptura" para os seus apoiadores.
Em entrevista à Fox News, Trump disse que pessoalmente está "de acordo" com a ideia de ser preso por todas as 34 acusações criminais no seu julgamento por falsificação de registros comerciais. Mas alertou que uma sentença de prisão "seria difícil para o público aceitar. Você sabe, em certo ponto, há um ponto de ruptura"
O promotor encarregado do caso, Alvin Bragg, de 50 anos, deu uma declaração modesta na quinta-feira à tarde, após o veredicto.
"Eu fiz meu trabalho. Nós fizemos nosso trabalho", comentou seriamente. "A única voz que importa é a do júri, e o júri falou", declarou, destacando a decisão unânime dos 12 jurados de declarar Trump "culpado de 34 acusações de falsificação contábil agravada para ocultar uma conspiração destinada a perverter as eleições de 2016". Em abril de 2023, Bragg se tornou o primeiro promotor a processar criminalmente um ex-presidente americano.
O juiz Juan Merchán marcou a sentença para 11 de julho, dias antes da Convenção Nacional Republicana na qual Trump receberá a nomeação formal do partido.
O republicano de 77 anos foi declarado culpado de 34 acusações de falsificação de documentos contábeis para esconder um pagamento destinado a silenciar a ex-atriz pornô Stormy Daniels, a fim de evitar que um escândalo sexual pudesse prejudicar sua campanha de 2016.
"Vamos apelar dessa fraude... Baseando-nos em diferentes elementos", disse o magnata, que aspira a voltar à Casa Branca nas eleições de novembro.
Em uma coletiva de imprensa, Trump lançou durante 35 minutos uma série de insultos e alegações não confirmadas e sem sentido, reflexo de sua evidente ira.
Após se referir a seus adversários como "doentes" e "fascistas", o magnata foi embora sem deixar espaço para perguntas.
Além do julgamento em Nova York, o ex-presidente enfrenta outros três processos penais com acusações mais graves relacionadas com as suas tentativas de reverter o resultado da eleição que perdeu para Joe Biden em 2020 e o manuseio indevido de documentos confidenciais.
Mas não se espera que estes casos avancem para a fase de julgamento antes das eleições de novembro.
- 'Perigoso, irresponsável' -
O que para qualquer político significaria a sepultura, Trump transformou em uma medalha de honra, comparando-se a presos políticos históricos como Nelson Mandela e usando estes escândalos para reforçar, junto dos seus apoiadores, a teoria da conspiração segundo a qual existe um "Estado profundo" que busca restringir sua liberdade.
"É perigoso, é irresponsável que alguém diga que isso [julgamento] foi manipulado apenas porque não gosta do veredicto", disse o presidente Biden na Casa Branca, em seus primeiros comentários a respeito do assunto.
"O sistema de justiça deve ser respeitado. Não devemos permitir que ninguém o derrube", continuou.
O julgamento contra Trump mostra que "ninguém está acima da lei", assegurou o democrata, que tem tentado evitar que os problemas judiciais de Trump se transformem um tema de campanha.
Mais cedo nesta sexta-feira, sua equipe de campanha à reeleição rotulou o republicano como "desesperado" e "confuso".
"Os Estados Unidos acabam de testemunhar um Donald Trump confuso, desesperado e derrotado divagando sobre suas próprias queixas pessoais e mentindo sobre o sistema de justiça americano", disse Michael Tyler, diretor de comunicação da equipe de campanha de Biden, em comunicado.
Os comentários de Trump em Nova York deixaram "todos que o viram com uma conclusão óbvia: este homem não pode ser presidente dos Estados Unidos", acrescentou Tyler.
- Trump faz história -
Trump se tornou o primeiro ex-presidente dos Estados Unidos condenado por um crime. E estabeleceria outra façanha se vencer as eleições de 5 de novembro e substituir Biden na Casa Branca.
O júri o considerou culpado de falsificar registros contábeis para encobrir um pagamento de US$ 130 mil (R$ 675 mil, na cotação atual) e impedir que a ex-atriz pornô Daniels tornasse público um suposto encontro sexual em 2006 – que ele nega – que poderia ter prejudicado sua campanha presidencial em 2016.
Os promotores expuseram com sucesso que o encobrimento ilegal do pagamento fazia parte de um crime mais amplo para impedir que os eleitores soubessem do comportamento de Trump pouco antes de ele ganhar eleição contra Hillary Clinton.
O republicano, que foi libertado sem fiança após a audiência, pode ser condenado a quatro anos de prisão por cada acusação, mas é mais provável que receba liberdade condicional por não ter antecedentes criminais.
Mesmo assim, não está impedido de continuar a sua campanha eleitoral, inclusive no caso improvável de ir para a prisão.
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