MUNDO
Ucrânia anuncia contraofensiva iminente em Bakhmut e pede mais armas
Zelensky visitou província de Kherson, que está parcialmente ocupada por russos
Por AFP
A Ucrânia anunciou, nesta quinta-feira, 23, uma contraofensiva iminente em Bakhmut, no leste do país, e alertou os aliados europeus que a demora na entrega de caças e mísseis de longo alcance poderia prolongar a guerra com a Rússia.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, chegou a visitar a província de Kherson, no sul do país, parcialmente ocupada por tropas russas, um dia depois de aparecer na linha de frente perto de Bakhmut.
No trem de volta a Kiev, Zelensky descreveu a devastação nessa região após mais de um ano de guerra, em um vídeo destinado aos líderes da União Europeia (UE) reunidos em uma cúpula em Bruxelas.
Zelensky agradeceu à UE pela decisão de enviar mais projéteis para a Ucrânia, mas insistiu na necessidade de receber caças modernos para lutar contra os russos.
"Não podemos atrasar a transferência de armas para nossos soldados, que podem proteger os ucranianos do terror", afirmou Zelensky.
A Eslováquia anunciou a entrega de uma primeira leva de quatro caças MiG-29, de um total de 13 prometidos.
Até o momento, o restante do bloco europeu se recusa a entregar a Kiev aviões fabricados em países ocidentais.
Contraofensiva iminente em Bakhmut
O chefe das forças terrestres ucranianas, Oleksandr Syrsky, afirmou que lançará uma contraofensiva em Bakhmut, palco, durante meses, da mais longa e feroz batalha da guerra que começou em 24 de fevereiro de 2022, com a invasão russa da Ucrânia.
"O agressor não se rende em sua tentativa de tomar Bakhmut a qualquer custo, apesar das perdas humanas e materiais", afirmou no Telegram.
"Sem poupar nada, eles estão perdendo muita força e ficando esgotados. Muito em breve vamos aproveitar esta oportunidade, como fizemos perto de Kiev, Kharkiv, Balakliya e Kupiansk", acrescentou, em referência às contraofensivas bem-sucedidas do ano passado.
Bakhmut, destruída e abandonada pela maioria de seus 70 mil habitantes, está localizada na bacia do Donbass, parcialmente ocupada por separatistas pró-Rússia desde 2014 e que Moscou pretende controlar integralmente.
Apoiado pelo grupo paramilitar Wagner, o Exército russo cerca Bakhmut por norte, leste e sul, o que complica a entrega de suprimentos aos soldados ucranianos.
No entanto, o comando militar de Kiev aposta em uma guerra de desgaste antes de passar para a ofensiva.
Visita a Kherson
Em Kherson, mais ao sul, Zelensky visitou a devastada cidade de Posad Pokrovske, que esteve nas mãos do Exército russo até o outono de 2022.
"Falei com os moradores sobre seus problemas e necessidades", escreveu Zelensky nas redes sociais.
O presidente ucraniano também visitou uma central elétrica afetada pelos bombardeios russos do inverno contra a infraestrutura ucraniana.
As tropas russas ocuparam grande parte desta província no início da guerra, incluindo a capital homônima, mas tiveram de se retirar da parte norte em novembro, após uma contraofensiva ucraniana. Essa retirada foi vista como um grave revés para o presidente russo, Vladimir Putin, que algumas semanas antes havia reivindicado a anexação de toda a região.
UE debaterá crianças levadas
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou, nesta quinta-feira, que vai promover uma conferência para debater a situação das crianças levadas pela Rússia durante o atual conflito com a Ucrânia.
"O que está acontecendo lá com a deportação de crianças é um aspecto horrível dos tempos sombrios de nossa história. É um crime de guerra", acusou Von der Leyen ao final da cúpula de líderes da União Europeia em Bruxelas.
Enquanto isso, o governo do Reino Unido apresentou planos para enviar munições de urânio empobrecido para a Ucrânia, eficazes contra blindados, mas que contêm material tóxico.
Moscou alertou na quarta-feira que tal envio significaria uma "séria" escalada do conflito, mas o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, garantiu nesta quinta que os aliados estavam respeitando as "normas internacionais".
"O que é perigoso é a guerra, que está ceifando milhares de vidas", disse Stoltenberg à AFP, na inauguração de uma nova frota de aviões de reabastecimento aéreo da Otan e da UE em uma base aérea holandesa.
"A coisa mais importante que pode ser feita para reduzir os riscos é que o presidente Putin pare a guerra", concluiu.
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