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20/05/2021 às 21:36 | Autor: AFP

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William e Harry criticam jornalista e BBC por entrevista 'enganosa' com Diana

Jornalista foi acusado de falsificar documentos para conseguir a entrevista para o programa Panorama da BBC | Foto: Vincent Amalvy | AFP
Jornalista foi acusado de falsificar documentos para conseguir a entrevista para o programa Panorama da BBC | Foto: Vincent Amalvy | AFP -

Os príncipes William e Harry criticaram duramente nesta quinta-feira, 20, a rede britânica BBC e o jornalista Martin Bashir pela "forma enganosa" com o repórter conseguiu uma entrevista explosiva com a mãe deles, a princesa Diana, na qual ela detalhou a turbulência em seu casamento com o príncipe Charles.

Eles reagiram horas depois da divulgação de uma investigação independente que revelou que Bashir usou documentos falsificados para obter a entrevista exclusiva com Lady Di em 1995, e que as autoridades da BBC não investigaram adequadamente como ele a tinha conseguido.

William disse que a entrevista "contribuiu muito" para o rompimento da relação de seus pais, enquanto a falta de controles da BBC "contribuiu significativamente para seu medo, paranoia e isolamento" nos últimos anos de vida de Diana.

Ela e Charles se divorciaram em 1996 e ela morreu um ano depois, aos 36 anos, em um acidente de carro em Paris, enquanto era perseguida por paparazzi.

Lady Di dizia que havia "três pessoas" em seu casamento - em alusão ao relacionamento que Charles matinha com Camila Parker Bowles - e admitia que ela mesma tinha um caso.

Mas, segundo a investigação independente, o jornalista foi acusado de falsificar documentos para conseguir a entrevista para o programa Panorama da BBC.

"Através de seu comportamento enganoso, Bashir conseguiu organizar a reunião que levou à entrevista", diz o informe, elaborado pelo juiz aposentado do Supremo Tribunal, John Dyson.

"É minha firme opinião que este programa Panorama não tem legitimidade e não deve ser transmitido de novo", disse William em uma longa declaração lida pessoalmente no Palácio de Kensington.

- Justiça e verdade -

Em comunicado próprio, Harry disse que o informe foi "o primeiro passo para a justiça e a verdade", mas que as práticas enganosas expostas influenciaram na morte de sua mãe e continuam sendo amplamente utilizadas atualmente.

"O efeito dominó da cultura de exploração e práticas antiéticas finalmente custaram a sua vida", acrescentou Harry.

Em um comunicado, o diretor-geral da BBC, Tim Davie, afirmou que "aceita as conclusões" desta investigação.

"Embora o informe indique que Diana, princesa de Gales, era favorável à ideia de fazer uma entrevista com a BBC, está claro que o processo de obtenção da entrevista não esteve à altura do que o público tem o direito de esperar. Lamentamos verdadeiramente", declarou Davie.

Mais de 25 anos depois da realização da entrevista, o diretor apresentou suas desculpas "incondicionais" em nome da BBC.

Bashir teria mostrado a Charles Spencer, o irmão de Diana, extratos bancários - que se revelaram falsos - demonstrando que pessoas eram pagas para espionar sua irmã.

Segundo este último, foi isso o que o levou a apresentar o jornalista à Lady Di.

- "Algo estúpido" -

"Ao mostrar ao conde Spencer estes extratos falsos (...), Bashir o enganou e o incitou a organizar um encontro com a princesa Diana", diz o informe, que denuncia uma "infração grave" das regras editoriais da BBC.

"Foi algo estúpido e um ato que lamento profundamente", disse Bashir em um comunicado, assegurando que estes extratos não tiveram nenhuma influência determinante na "escolha pessoal" de Diana de responder suas perguntas.

Ao mesmo tempo, elogiou "a decisão corajosa da princesa de contar sua história, de falar corajosamente das dificuldades que enfrentava".

O informe também critica a investigação interna da BBC, realizada em 1996, sobre as condições da entrevista.

A BBC "não respeitou as elevadas normas de integridade e de transparência que são sua marca registrada", diz o relatório, ressaltando que o grupo audiovisual público não entrou em contato com Charles Spencer para lhe perguntar sua versão dos fatos, nem tampouco pôs em questão a honestidade de Bashir.

O ex-diretor-geral da BBC, Tony Hall, que era diretor de redação na época da entrevista, desculpou-se e admitiu que a investigação interna "esteve muito abaixo" dos padrões que o assunto exigia. Além disso, admitiu ter-se "equivocado ao dar a Martin Bashir o benefício da dúvida".

Depois desta entrevista, o jornalista continuou sua carreira nos Estados Unidos, até voltar para o Reino Unido para trabalhar na BBC até sua demissão. Além de Lady Di, ele também entrevistou Michael Jackson para um documentário gravado em 2003 para a ITV.

Em meados de maio deste ano, a BBC anunciou que Bashir estava deixando a emissora por motivos de saúde. Desde 2016, ele era encarregado da cobertura religiosa para o grupo.

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