NEGÓCIOS
Novos empreendimentos consolidam a Bahia com a 7ª maior indústria do país
Estado atrai investimentos, como o complexo industrial da chinesa BYD, e fortalece sua participação nacional
Por Claudia Lessa
A economia baiana deverá encerrar 2024 com uma expansão de 2,4%, seguindo o ciclo positivo de crescimento econômico brasileiro. A estimativa é da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), que aponta a recuperação do emprego e da massa salarial, ao longo do ano, como fatores fundamentais para o impulsionamento do setor industrial baiano.
De acordo com a Secretaria da Fazenda do Estado (Sefaz), a Bahia segue, desde 2015, na vice-liderança em investimentos públicos, sendo que, este ano, foram aplicados R$ 2 bilhões em estradas, escolas, unidades de saúde, equipamentos de segurança e de infraestrutura e serviços, “o que resulta não só em mais empregos e renda, como em atratividade para a instalação de empresas privadas”. É o caso do complexo industrial que está sendo implantado em Camaçari pela empresa chinesa BYD, maior fabricante mundial de carros elétricos.
A Bahia possui a sétima maior Indústria de Transformação (a que converte a matéria-prima em produtos finais ou intermediários) do Brasil e a maior da região Nordeste, com um Valor da Transformação Industrial (VTI) de mais de R$ 56 bilhões, o que representa quase 40% do Nordeste, de acordo com a Fieb. O especialista em Desenvolvimento Industrial da entidade, Danilo Peres, destaca que a indústria baiana é produtora de bens comercializáveis internacionalmente e propulsora de estreitas relações com estados do Sudeste do país. Além disso, diz, a Bahia deve aproveitar as vantagens de ter uma matriz industrial sustentada por energias renováveis e um parque industrial consolidado com grandes empresas. “Há grandes players que estão no Polo Industrial de Camaçari e na Refinaria de Mataripe, bem como empresas de segmentos como Alimentos, Celulose, Transformação Plástica, Borracha e Bebidas”.
Somente na Região Metropolitana de Salvador, que sedia o Polo Industrial de Camaçari, maior complexo industrial integrado do Hemisfério Sul, estão instalados 268 empreendimentos industriais. Nos demais municípios baianos, são 609 empresas presentes. Esse total de 877 companhias do setor, conforme a Secretaria de Desenvolvimento do Estado (SDE), vem sendo incentivado pelo Governo da Bahia, que já acumula um investimento de mais de R$ 64 bilhões e atesta a geração de quase 133 mil empregos diretos e mais de 46 mil terceirizados. Santo Antônio de Jesus, no Recôncavo Baiano, por exemplo, é um competitivo centro industrial, com destaque para as fábricas de calçados e de produtos alimentares, instaladas no Distrito Industrial, que foi construído em uma área urbanizada e inaugurado em 2017, pelo governador Rui Costa.
Polo de comércio e serviços, Feira de Santana também se destaca no setor industrial, abrigando mais de duas mil indústrias. A gaúcha Vipal Borrachas, em operação desde setembro de 2008, é uma das empresas que retratam a força da indústria no município. No último dia 24, a Vipal lançou sua nova planta industrial e, com potencial apoio do Governo do Estado, a companhia pretende expandir suas operações com a implantação de uma nova linha de produção, com capacidade para fabricar 750 mil pneus por ano.
A unidade também pretende aumentar a produção de pneus de motocicleta de 3,2 para 4,2 milhões de unidades anuais e ampliar a produção de misturas e produtos para reforma de pneus de 65 milhões para 107,5 milhões de quilos por ano. Além da possibilidade de impulsionar o crescimento econômico regional, a eventual parceria entre a Vipal Borrachas e o governo estadual tem o potencial de criar 566 novos empregos, sendo 393 diretos e 173 indiretos, mantendo os mais de 900 postos atuais.
Beleza e alimentos
Dos segmentos da indústria que vêm em onda crescente, se destacam os de Cosméticos, Perfumaria e Higiene Pessoal e o de Beleza, que aumentaram, respectivamente, 13% e 15%, entre 2023 e 2024, no Brasil. “A indústria da beleza, especialmente a dos ramos de cosméticos e perfumaria, continuará em crescimento em 2025 e nossas estratégias de inovação e expansão nos posicionam para resultados ainda melhores. Nossa operação, inclusive, teve um aumento expressivo este ano de cerca de 20%, fruto das estratégias assertivas adotadas para atender ao cliente onde ele está”, atesta a empresária baiana Ozana Barreto, franqueada, há 41 anos, de O Boticário, empresa brasileira de cosméticos e perfumes, duas fabricas: São José dos Pinhais, no Paraná, e em Camaçari, na Bahia.
Ozana Barreto, que tem franquias em Feira de Santana, Amélia Rodrigues e Santo Amaro, destaca que a produção industrial da companhia tem trazido resultados positivos na expansão de seus negócios, especialmente em Feira. “Temos acompanhado o potencial extraordinário do comércio local, que não só movimenta a economia do município, mas também influencia toda a região. Essa força do comércio privado é uma demonstração clara de como a cidade é um polo econômico essencial”, considera, afirmando que “o setor privado poderia alcançar um avanço ainda maior, se houvesse gestões públicas mais eficientes e capazes de investir em melhorias na segurança, infraestrutura e ordenamento urbano, que fortaleceriam não só o comércio e a indústria, como o desenvolvimento econômico sustentável da cidade”.
Na indústria de alimentos, a marca Tia Sônia representa o momento positivo do setor na Bahia. Com uma trajetória de mais de 28 anos, a empresa sediada em Vitória da Conquista e com centros de distribuição em Recife, Salvador e São Paulo, tem, hoje, uma capacidade produtiva mensal de mais de 300 toneladas de alimentos, abastecendo não só o mercado baiano, como as principais redes varejistas do país, empregando cerca de 260 pessoas diretamente e gerando oportunidades de trabalho e parcerias com pequenos produtores locais e fornecedores em diversas regiões brasileiras, de acordo com Marcos Fenício, CEO e fundador da Tia Sônia. A fábrica, que começou com uma produção modesta, comercializando poucos quilos por mês para o público local, é hoje a segunda granola mais vendida do país e a primeira no Nordeste, segundo dados da Scanntech.
A indústria na Bahia, avalia Fenício, “vem passando por transformações importantes nos últimos anos, com um crescimento moderado, mas sólido”. Na sua opinião, o ramo de alimentos saudáveis, em particular, teve uma boa evolução, impulsionado pela demanda crescente por produtos mais nutritivos e sustentáveis. “Na Tia Sônia, temos sentido esse movimento e, apesar dos desafios econômicos nacionais, conseguimos manter um crescimento consistente, fruto de uma estratégia de expansão e inovação nos produtos”, diz, ressaltando que a sua expectativa de venda é otimista para o final de ano. “Estamos trabalhando em novos lançamentos e ampliando nossa presença no mercado nacional. Superamos as vendas de 2023 com um crescimento de cerca de 15%”, afirma o representante da Tia Sônia, dona de um portfólio com mais de 60 produtos.
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