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Ranking mundial e interiorização: o boom do ensino superior no Sul da Bahia
Cursos públicos e privados de graduação e pós em diversas áreas preparam alunos para desafios do futuro

Por Claudia Lessa

A Educação Superior no Sul da Bahia se consolidou com a criação e o desenvolvimento de instituições como a Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), instalada no Km 16 da Rodovia Jorge Amado, em Ilhéus, e a Universidade Federal do Sul da Bahia (Ufsb), com campi em Itabuna, Ilhéus, Porto Seguro e Teixeira de Freitas. Profissionais da área asseguram que essas unidades públicas de ensino, bem como as privadas, a exemplo da Faculdade Anhanguera e Universidade do Centro Universitário das Faculdades de Tecnologia e Ciências (UniFTC), têm contribuído para novos saltos de progresso socioeconômico de toda a região.
Essas instituições, afirmam especialistas da área, transformaram o Sul da Bahia em polos regionais de serviços, educação e saúde, contribuindo para o progresso de toda a região através da formação de profissionais qualificados em diversas áreas do conhecimento, suprindo demandas do mercado de trabalho local e regional.
Também incentivam a pesquisa e os cursos de extensão, gerando conhecimento, tecnologia e soluções para os problemas regionais; promovem dinamismo econômico, impulsionando os setores do comércio e de serviços; e atraem novos negócios e investimentos para a cidade e seu entorno, bem como colaboram com prefeituras e outras entidades na construção de planos para o desenvolvimento sustentável da macrorregião.
Precursora para o desenvolvimento do Sul da Bahia, a Universidade Estadual de Santa Cruz voltou a figurar entre as melhores instituições de Ensino Superior do mundo no World University Rankings 2026, elaborado pela revista britânica Times Higher Education, uma das mais respeitadas avaliações acadêmicas internacionais. O levantamento de outubro deste ano analisou o desempenho de 2.191 universidades de 115 países, entre elas cinco instituições baianas.
Ranking mundial
A avaliação considerou cinco pilares: ensino, ambiente de pesquisa, qualidade da pesquisa, indústria e perspectiva internacional. Indicadores estes que medem o desempenho acadêmico, científico e social das universidades, atestando sua relevância regional e global. A Uesc integrou o grupo das universidades estaduais que conquistaram reconhecimento internacional, ao lado da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), Universidade Estadual do Sudoeste Baiano (Uesb) e Universidade do Estado da Bahia (Uneb).
O reitor Alessandro Fernandes considera que “a presença da Uesc no ranking mundial reflete o esforço coletivo da comunidade universitária na consolidação de uma instituição pública de excelência, que alia ensino de qualidade, pesquisa relevante e compromisso social”. O vice-reitor Mauricio Moreau destaca o avanço nos critérios de internacionalização e impacto científico.
“A Uesc tem fortalecido parcerias internacionais e ampliado sua produção acadêmica, demonstrando que é possível gerar conhecimento de alto nível para o mundo”.
Inaugurada em 1991, a Uesc oferece, atualmente, 35 cursos de graduação presencial, entre os quais Medicina, Agronomia, Direito, Comunicação, Pedagogia e Engenharia, e outros cinco de graduação de Educação à Distância (EaD): Biologia, Física, Letras Vernáculas, Matemática e Pedagogia.
O campus de 38 hectares, situado em meio a um remanescente da Mata Atlântica, foi erguido em uma área de integração entre conhecimento, natureza e desenvolvimento regional. Segundo estudo apresentado no Simpósio de Biologia do Sul da Bahia, a instituição abriga 149 exemplares adultos de pau-brasil (Caesalpinia echinata), sendo o campus universitário com o maior número da espécie plantada no mundo.
Marco na interiorização
Desde a sua criação, em 2013, a Universidade Federal do Sul da Bahia tem procurado se afirmar como um marco na interiorização e democratização do Ensino Superior público. Com a reitoria sediada em Itabuna, a Ufsb mantém campi também em Ilhéus, Porto Seguro e Teixeira de Freitas.
De acordo com a atual gestão, um novo campus, já aprovado pelo Conselho Universitário, será implantado em Jequié. Baseado em ciclos formativos, o modelo acadêmico da Ufsb visa “estimular a interdisciplinaridade e o protagonismo estudantil, permitindo percursos de formação flexíveis e conectados com as demandas contemporâneas do território e do mundo do trabalho”.
A reitora Joana Angélica Guimarães ressalta que esse formato acadêmico tem favorecido a formação de profissionais críticos, criativos e socialmente comprometidos com o desenvolvimento regional. Desde a sua implantação no Sul e Extremo Sul da Bahia, segundo a gestora, a instituição vem buscando oferecer uma formação diferenciada, articulando ensino, pesquisa e extensão, de acordo com as necessidades e potencialidades do território onde está inserida.
“Na região cacaueira, por exemplo, os cursos foram pensados em diálogo com a economia local. O curso de Engenharia Florestal surgiu em sintonia com o bioma da Mata Atlântica e com o sistema cabruca de cultivo do cacau, abordando o manejo florestal de forma integrada: ambiental, econômica e socialmente”, pontua.
Já o curso de Oceanologia, destaca a reitora, responde à vocação costeira da região, valorizando os aspectos econômicos e turísticos do litoral.
“Outra iniciativa é o curso superior de Tecnologia em Produção de Cacau e Chocolate, criado para fortalecer a agricultura familiar e pequenos empreendimentos locais voltados à cadeia do cacau. Essa graduação possibilita a formação continuada de produtores e empreendedores que buscam aprimorar seus conhecimentos e impulsionar seus negócios”.
Joana Angélica ressalta, ainda, que a Ufsb também mantém estreita relação com comunidades locais, incluindo povos indígenas, comunidades quilombolas e escolas de Ensino Médio da região, onde há polos de atividades de ensino e extensão.
“Desde a sua implantação, a nossa universidade realiza audiências públicas e mantém o diálogo permanente com a sociedade para alinhar sua oferta de cursos às demandas regionais. Essas ações refletem o nosso compromisso com uma formação voltada ao desenvolvimento sustentável, à valorização dos saberes locais e à construção de soluções integradas para o território”, enaltece a reitora.
Atualmente, a Ufsb conta com 5.133 estudantes e cerca de 630 servidores, entre docentes e técnicos-administrativos, e oferta mais de 40 cursos de graduação, entre os quais Medicina, Biomedicina e Engenharia Civil, que foram os mais procurados este ano, conforme dados oficias. A instituição oferece, ainda, 11 programas de pós-graduação, distribuídos entre mestrados e doutorados acadêmicos e profissionais.
Faculdades abrem portas do mercado
A Universidade do Centro Universitário das Faculdades de Tecnologia e Ciências (UniFTC), que possui campus em pelo menos 12 cidades do interior da Bahia, entre as quais Itabuna, registra em seu texto de apresentação, no site oficial, como sendo uma instituição precursora do movimento de interiorização do Ensino Superior na Bahia, “concretizando o modelo que viria a ser uma das suas principais marcas”. “Feira de Santana foi a primeira cidade a receber uma unidade nossa”, registra o texto de apresentação da instituição no seu site oficial.
No ano de 2020, as unidades Salvador, Feira de Santana e Vitória da Conquista foram credenciadas como centros universitários, passando à marca UniFTC, em contraponto à então FTC.
Com isso, de acordo com o presidente da Rede UniFTC, William Oliveira, foi ampliado seu projeto educacional de “desenvolver profissionais do futuro capazes de enfrentar e vencer os desafios do amanhã e de formar cidadãos éticos, humanísticos e comprometidos com a sociedade em que vivem”.
Chances de crescimento
O gestor registra, ainda, que mais de 90 mil profissionais já se graduaram na UniFTC. “Nesses mais de 20 anos, abrimos muitas portas. As nossas, com a chegada de novas unidades; as do mercado de trabalho para os nossos alunos; e abrimos oportunidades de crescimento às comunidades onde atuamos, nos firmando como uma instituição de ensino de referência”.
Na unidade de Itabuna, implantada em 2002, são ofertadas as graduações de Medicina Veterinária, Odontologia e Psicologia, Biomedicina e Enfermagem, entre outras.
Outra instituição de ensino particular atuante no Sul da Bahia é a Faculdade Anhanguera, fundada em 1994 e, que, atualmente, possui mais de 370 unidades espalhadas pelo Brasil, incluindo o município de Itabuna.
A instituição, segundo a gestão, “atua como um agente transformador no Sul da Bahia, focando na capacitação da população e na promoção de ações que geram impacto social e econômico a longo prazo”.
A oferta na graduação da Faculdade Anhanguera abrange modalidades presencial, semipresencial e a distância (EaD), além de cursos de pós-graduação e extensão, somando centenas de opções em áreas como Saúde, Engenharia, Gestão e Tecnologia. A instituição também presta serviços gratuitos por meio de projetos e ações sociais, como clínicas-escola e núcleos de práticas jurídicas.
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