VIRALIZOU
Chocante: 'cantor' gospel gerado por IA lidera paradas musicais
'Cantor' totalmente virtual alcançou o topo da lista dos 100 álbuns cristãos e gospel mais vendidos

Por Edvaldo Sales

A presença crescente da inteligência artificial na música ganhou um novo capítulo na última semana, quando um 'cantor' totalmente virtual alcançou o topo da lista dos 100 álbuns cristãos e gospel mais vendidos no iTunes. Criado integralmente por IA, Solomon Ray celebrou a conquista nas redes sociais, marcando um momento inédito para o setor musical.
Em uma publicação que viralizou no Instagram, o perfil do artista declarou: “Solomon Ray já não é 'a experiência de IA'. Ele é agora a maior nova voz na música gospel - ponto final. O futuro chegou mais rápido do que alguém esperava. E o nome dele é Solomon Ray. (Tudo em menos de 21 dias)”.
Solomon Ray não é apenas um projeto experimental: sua voz, aparência, performances, letras e até sua persona pública foram criadas por algoritmos. Seu álbum mais recente, 'A Soulful Christmas', traz faixas como 'Soul to the World' e 'Jingle Bell Soul', apostando em uma estética soul gospel natalina.
No Spotify, onde reúne mais de 480 ouvintes mensais, o personagem é apresentado como “um cantor de soul feito no Mississippi, levando um renascimento da alma do sul para o presente. Seus discos são quentes e analógicos, enquadrando letras sobre fé, família, redenção e vida real. Com uma voz como veludo desgastado e cadência de um contador de histórias, ele canta como se estivesse testemunhando por experiência própria: parte convicção de domingo de manhã, parte coragem de sábado à noite”.
Desde sua estreia nas redes sociais, em 26 de outubro de 2025, Solomon Ray atraiu atenção acelerada. Já soma cerca de 50,2 mil seguidores no Instagram, onde vídeos de performances simuladas reforçam a ilusão de um artista vivo em plena ascensão.
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Plataformas tentam reagir
Apesar da popularidade, o avanço de artistas artificiais ocorre em meio a discussões sobre autenticidade e responsabilidade. Em setembro de 2025, o Spotify anunciou novas políticas para combater falsificação de identidade, aprimorar filtros de spam e reforçar a fiscalização de “conteúdo enganoso”. Mas as regras ainda permitem que criadores publiquem músicas e perfis gerados por IA sem revelar claramente sua natureza.
A Meta, responsável por Facebook e Instagram, ampliou em 2024 suas políticas de rotulagem de conteúdo produzido por IA. Mesmo assim, nem todos os vídeos do perfil de Solomon Ray exibem esse aviso.
A falta de clareza divide opiniões. Para alguns usuários, a presença do personagem cria riscos de engano: "Não se deixe enganar por esta música sem alma. É IA!", criticou uma internauta. Outros abraçam o experimento sem reservas: “Não quero saber se é IA. Eu adoro”, escreveu outra.
O criador por trás da criação
Embora a figura de Solomon Ray seja artificial, seu criador é bem real. Trata-se de Christopher “Topher” Townsend, rapper norte-americano conhecido por sua atuação política e por ser uma das figuras conservadoras de maior alcance no TikTok.
Com histórico de participações em eventos controversos — incluindo um comício que coincidiu com a invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021 — Topher já teve músicas removidas de plataformas e sofreu restrições em redes sociais.
Em um vídeo publicado em 19 de novembro no Instagram, ele se apresentou como “o homem por trás da máquina” e defendeu a legitimidade de sua criação: "esta é uma extensão da minha criatividade, portanto, para mim, é arte. Definitivamente, foi inspirada por um cristão. Pode não ser interpretada por um, mas não sei por que isso realmente importa no final das contas."
Música gerada por IA
A produção musical feita com inteligência artificial combina grandes volumes de dados sonoros com algoritmos capazes de identificar padrões e gerar novas composições. Dependendo da ferramenta, a IA pode criar melodias, harmonias, ritmos e letras — ou até músicas completas — sem intervenção humana. Algumas tecnologias funcionam como parceiras de criação para músicos, enquanto outras permitem que qualquer pessoa componha faixas com qualidade profissional.
Com Solomon Ray no topo das paradas, o debate se intensifica: estamos diante de um novo capítulo da música gospel ou de um alerta sobre os limites da automação na arte? Independentemente da resposta, o fenômeno aponta para um futuro em que artistas reais e virtuais podem dividir, cada vez mais, o mesmo palco — e o mesmo público.
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