MÚSICA
Engenheiros do Hawaii 40 anos: Humberto Gessinger retorna à Concha Acústica com repertótio antológico
Ele é o único integrante da formação original que permaneceu na banda
Por Grazy Kaimbé*
O cantor e compositor Humberto Gessinger, 61, celebra 40 anos de carreira com o lançamento do disco Revendo o que nunca foi visto, título que faz uma alusão à letra da música O Papa é Pop, e uma turnê dedicada a revisitar dois álbuns acústicos da lendária banda Engenheiros do Hawaii: o Acústico MTV (2004) e Novos Horizontes (2007). A turnê de celebração, intitulada Acústicos Engenheiros do Hawaii, chega a Salvador hoje, às 19h, na Concha Acústica do Teatro Castro Alves.
Segundo o músico, a proposta de revisitar os dois discos acústicos surgiu mais de uma inquietação artística do que de um marco cronológico dos projetos que celebram décadas de sucesso.
“Meu habitat natural é o power trio, mas é natural a vontade de exercitar outros músculos musicais, no caso, o quinteto acústico. A semente deste trabalho está nos meus discos solo mais recentes, onde, além de power trio, montei um trio acústico. Juntando os dois trios, nasceu o quinteto”, explica.
“O fato de o Acústico MTV estar completando 20 anos é interessante, mas acessório. O fundamental foi a vontade artística de revisitá-lo. Por isso o nome Revendo o que nunca foi visto, pois é uma releitura com muitos novos elementos”, complementa.
A turnê teve início em janeiro deste ano, no Auditório Araújo Vianna, em Porto Alegre, exatamente 40 anos após sua primeira apresentação, em 1985, numa cena improvisada na Faculdade de Arquitetura da UFRGS, onde surgiu a banda Engenheiros do Hawaii, fundada pelo artista.
Outro espectro sonoro
Ele é o único integrante da formação original que permaneceu na banda durante todo o seu período ativo, que revisita agora essa trajetória.
No repertório, estão faixas que se tornaram hinos para diferentes gerações de fãs, como O Papa é Pop, Pra Ser Sincero, Infinita Highway, Toda Forma de Poder e Piano Bar.
Para o artista, o formato acústico modifica não apenas a sonoridade, mas também a relação dele com as canções e o público.
“Eu passo do baixo para viola caipira, violão, bandolim e piano. É outro espectro sonoro para mim. Mas não sinto que os arranjos percam força. Eles ganham outro tipo de força”, destaca.
A última passagem dele pela capital baiana foi no ano passado, quando apresentou o show do álbum Quatro Cantos de um Mundo Redondo, trabalho autoral lançado em 2022.
Agora, o retorno, como ele mesmo destacou, é marcado por um mergulho em arranjos mais intimistas, que exploram novas texturas musicais.
Longevidade
Canções como Infinita Highway e Pra Ser Sincero, lançadas nos anos 1980, continuam sendo cantadas por plateias compostas por diferentes gerações. Para Gessinger, essa permanência não é surpresa.
“Arte serve mesmo para romper barreiras de tempo e espaço. Fico muito honrado de que meu trabalho tenha atingido esta solidez”, celebrou.
O músico reflete também sobre o próprio percurso, marcado por fases distintas, mas sempre guiado pela mesma busca criativa.
“Eu sempre me achei um artista inviável, muito particular, sem interesse para o que chamam de mercado. Mas a realidade me desmentiu, e eu fico muito feliz e grato às pessoas que me acompanham nesta estrada”.
Apesar do caráter comemorativo desta turnê, o artista mantém o foco no presente. Ele que já experimentou revisitar outros momentos do repertório, como em shows que tocaram na íntegra A Revolta dos Dândis (1987) e ¡Tchau Radar! (1999).
No entanto, ele diz não se prender à nostalgia: “Relembrar é ótimo, mas não ficar parado no tempo é fundamental”, ressalta.
Segundo o cantor, Salvador ocupa um lugar especial na memória dele. Ele recorda que a primeira vez na cidade foi na própria Concha Acústica, abrindo um show para os Paralamas do Sucesso, no início da carreira.
“Foi uma daquelas noites em que a gente sente que subiu um degrau”, relembra.
E não parou por aí. Com quatro décadas de estrada, discos que marcaram o rock brasileiro e um público que atravessa gerações, em 1996 Salvador também teve um marco especial na trajetória do artista: a capital foi uma das poucas cidades a receber o projeto Gessinger Trio, que, para ele, foi um de seus trabalhos mais relevantes.
“Foram sempre ótimos momentos as passagens por Salvador. É uma das poucas cidades que recebeu o Gessinger Trio em 1996, um projeto que não teve a atenção merecida em locais onde a grife vale mais que o som. E a Concha, para mim, é um espaço mágico”, disse o cantor sobre o retorno à capital baiana.
Humberto Gessinger / Hoje, 19h / Concha Acústica do Teatro Castro Alves /R$ 120 e R$ 240 / Vendas: www.ingresse.com Classificação indicativa: 14 anos
*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.
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