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ESPECIAL A TARDE

Há 80 anos nascia Gal Costa em Salvador da Bahia

Gal nasceu em 26 de setembro de 1945

Marlon Marcos*

Por Marlon Marcos*

26/09/2025 - 7:56 h
Gal Costa
Gal Costa -

Ela se incrustou na preciosa musicalidade dos brasileiros, a partir dos seus alicerces socioexistenciais retirados do solo e do mar da Bahia. Símbolo profundo do feminino no Brasil, Maria da Graça Costa Pena Burgos, nasceu na Barra Avenida, nos idos de 26 de setembro de 1945, na cidade do Salvador.

Criada sozinha por sua mãe Mariah, foi através da música que Gracinha expressou a grandeza do seu talento e conquistou o mundo sendo a mais expressiva filha musical da cidade em que nasceu à beira da Baía- de-Todos-os-Santos.

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A sua trajetória imprime muita superação, encontros definitivos, predestinação, sorte e muito trabalho guiando o inesgotável talento. Uma menina que se viu crescer acometida pelo desejo em se tornar cantora e ouvia-se no ecoar da própria voz a partir da acústica de uma panela.

Para além de qualquer lenda, que no fundo sempre narra verdades, ainda em Salvador, Gracinha cantou para João Gilberto e Caetano Veloso, quando ambos a definiram como “a maior cantora do Brasil”.

Sintamos a Cidade da Bahia, efervescente no início dos anos 1960, Glauber Rocha se expandindo, o teatro acontecendo, a dança ocupando espaços, as africanias se afirmando na Universidade a partir do Centro de Estudos Afro-Orientais, os desdobramentos políticos, culturais e científicos do reitorado de Edgar Santos, as inventividades da Escola de Música, a poesia galopando, Jorge Amado escrevendo, Carybé pintando, Caymmi orquestrando sua gente, as expressividades das culturas afro-indígenas nas ruas, e no meio de tudo isso a menina tímida mas desejosa, pobre mas talentosa, anônima mas bem acompanhada, inspirava-se em informações e possibilidades e foi brincar de fazer arte com a turma dos criadores do Teatro Vila Velha, e dali em diante fez o espetáculo Nós, por exemplo, que a alavancou para o sucesso nacional junto a nomes como Maria Bethânia, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Tom Zé, Roberto Santana, entre outros.

Ao se afirmar como cantora no Sudeste brasileiro, a jovem Gracinha adotou o nome artístico de Gal Costa, e trilhou os difíceis caminhos que uma mulher cantora, nordestina enfrentaria, mas atingiu o ápice inscrevendo seu canto e sua voz como dos mais bonitos e musicais do planeta Terra no século XX.

Feminilidade

É impossível se calar, na Bahia, frente a efeméride dos 80 anos de nascimento de uma das maiores cantoras nascidas neste país. A capacidade de nos modernizar e a entrega ao novo em comunhão com o espírito tropicalista, fizeram de Gal Costa uma intérprete autoral que logrou ao Brasil (e ao mundo) momentos indescritíveis de rara beleza literomusical.

Para o cantor e pesquisador Carlos Barros, “Gal afirmou a feminilidade aberta às diversas possibilidades estéticas e existenciais...ela performatizou a pauta do feminino com a voz e a corporeidade de maneiras múltiplas e certeiras”, avaliou o artista.

Nesse cenário de validação e afeto à cantora (que faleceu em 9 de novembro de 2022, em São Paulo – onde residia, depois de enfrentar complicações ocasionadas por uma neoplasia maligna), o cantor, professor e pesquisador Vércio afirma: “Gal é uma imagem muito marcante e potente quando falamos de Música Brasileira. Simplesmente, eternizou várias canções e, o principal, fundou uma ‘escola’ de canto. Hoje, somos aí em quatro ou cinco gerações de cantoras e cantores que se constituíram artistas a partir do impacto do canto dela”, celebra Vércio se dizendo um discípulo de Gal.

Memória ancestral

O canto de Gal ecoa na textura social da Bahia, como excelência estética, arrojo político, expressão da condição de gênero vivida pelo feminino. Sua história confunde- se com a história contemporânea da nossa música e afirmar sua memória, divulgar a sua obra, ecoar a sua presença etérea e eterna, é nos educar enquanto povo e legar às gerações futuras a grandeza dos nossos feitos artísticos.

A cantora e compositora Claudia Cunha sente Gal assim: “Ela é um legado incomensurável em álbuns e escolhas artísticas que estabelecem uma escola do cantar e do comportamento”, vaticina e se alonga quando perguntada sobre possíveis homenagens. “Homenagear Gal com uma estátua, por exemplo, é honrar quem abriu caminho único no mundo com uma voz rara nascida na Bahia”, enfatiza a artista.

O compositor cantor e produtor musical do Barlavento, Hamilton Reis, analisa Gal assim: “A Bahia tem sido pródiga, generosa em parir e servir de berço para verdadeiros fenômenos da arte universal e na área da música a cantora Gal Costa, atemporal, revolucionária, divina, única, me chama a atenção, por ter chegado a 50 anos de carreira imensa em seu legado de amor e beleza”, derrete-se o compositor.

Gal nos ofertou a genialidade do canto e a beleza estratosférica da voz, o cristalino apurando e acarinhando a audição de um país. Outros artistas a têm como símbolo e modelo e veem com agrado a possibilidade de uma estátua que a eternize em nossas ruas.

Sobre isso Carlos Barros afirma: “uma estátua na cidade onde ela nasceu será mais que uma homenagem, será uma afirmação da sua presença eternizada na pedra”, poetiza o pesquisador, que continua: “o Rio nos ensina nesse sentido! Há imagens dos ícones espalhados pela cidade! Que Salvador cumpra essa obrigação ancestral”.

Para além de lendas, estátuas, análises, dizeres e outras homenagens, a maior e melhor de todas é ouvir, divulgar e prolongar a obra sublime da cantora que frequenta as vozes de Carlos Barros, Vércio, Claudia Cunha, Hamilton Reis e tantas e tantos outras e outros, que levantam hoje, ficam de pé, e aplaudem emocionadamente os 80 anos da voz doce dos ventos – a maior cantora de todos os tempos da Cidade da Bahia.

*Marlon Marcos é poeta, antropólogo, jornalista, historiador e professor doutor da Unilab- Malês / pesquisador das obras de Clarice Lispector e Maria Bethânia.

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Tags:

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