CANTO LÍRICO
Irma Ferreira faz show ‘Em Cantos de Òrísá’ no Teatro Sesc Casa do Comércio
Irma compartilha com o público a conexão entre a música e a ancestralidade
Por Chico Castro Jr

De um canto entoado em um momento de dor, em busca da cura, a cantora baiana Irma Ferreira teceu um repertório que atravessa o sagrado. Amanhã, ela apresenta este repertório no show Em Cantos de Òrísá, no Teatro Sesc Casa do Comércio.
No palco, Irma compartilha com o público a conexão entre a música e a ancestralidade, por meio de Oríkìs (cantigas), Àdùrás (rezas) e Itans (histórias) dos Orixás do panteão Nagô Vodun, além de canções que exaltam a cultura negra brasileira.
As canções do show já foram registradas em estúdio e lançadas no Brasil – e no exterior – pelo selo sueco Ajabu! Records. O projeto começou em 2020, em plena pandemia, quando ninguém sabia como (ou quando) aquilo ia terminar. Em meio à tristeza da época, Irma publicou, no seu perfil de Instagram, um vídeo no qual entoava uma cantiga para Oxalá (Ojo igbi).
Foi tão bem recebido, que ela iniciou uma série, intitulada justamente, Em Cantos de Òrísá, ao lado de Angélica Ferreira (Egbome de Ogun) e Everton Neves (Ogan de Logun Edé e pesquisador).
A série disponibilizou cerca de 130 cantigas, rezas e itans dos Orixás, alcançando milhares de pessoas.
Agora, ela finalmente leva esse trabalho – e essa fé – ao palco, acompanhada dos músicos Luan Badaró (percussão), Ruan de Souza (violão) e Beto Lemos (violoncelo), além da a participação especial da cantora carioca Quel, que vem do Rio especialmente para a apresentação.
Mas não precisa, necessariamente, ser do candomblé para apreciar a música. Basta ser capaz de sentir, como observa a cantora: “Em Cantos de Òrísá é um show que fala sobre relações com espiritualidade, com a ancestralidade, com o íntimo, que fala sobre silêncios e celebrações. E a partir dessa multiplicidade, não há uma compreensão esperada, há o desejo de que o público se permita sentir e moldar sua percepção a partir das suas vivências, das suas relações com a espiritualidade e com essa música naquele momento”.
“Então eu quero que o público se permita entender da sua maneira, em uma entrega inteira”, acrescenta Irma.
Conexão
Para ela própria, contudo, a alma do show é justamente essa conexão com o sagrado – de fato, não seria esse mesmo o significado do religare, palavra em latim da qual derivou “religião” e significa, literalmente, “religar”, “ligar novamente” o terreno ao sagrado? “A conexão com a espiritualidade no meu caso, é importante porque traduz quem eu sou. A minha conexão com a espiritualidade traduz a minha conexão com quem veio antes de mim e reverbera na minha conexão com quem vem depois de mim”, afirma.
“A espiritualidade traduz a minha conexão com aquilo que eu acredito como sendo maior do eu e do que nós. Com o que vai além do que os nossos olhos conseguem decifrar. E é isso que tento trazer no show Em Cantos de Òrísá”, acrescenta Irma.
Há mais de 15 anos na música de concerto e na ópera, Irma é doutoranda e professora de Canto Lírico na UFBA. Recentemente, integrou o grupo Ofá e interpretou Rahda na ópera-canção Amor Azul, de Aldo Brizzi e Gilberto Gil.
Irma Ferreira: ‘Em Cantos de Òrísá’
Data: 28/03/2025
Horário: 20h
Local: Teatro Sesc Casa do Comércio (Av. Tancredo Neves, 1109)
Ingressos: R$ 20 e R$ 10
Vendas: bilheteria Sesc Casa do Comércio e Sympla / Classificação: Livre
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