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SEM PALAVRAS

Segunda edição do Festival Recôncavo Instrumental começa na terça

Evento levará a diversidade e a vitalidade da música instrumental para cinco cidades baianas

Por Grazy Kaimbé*

17/11/2024 - 7:00 h
Simone Leitão ao piano Cred
Simone Leitão ao piano Cred -

A segunda edição do Festival Recôncavo Instrumental começa nesta terça-feira (19) e, até o domingo (24 de novembro), levará a diversidade e a vitalidade da música instrumental para cinco cidades baianas. Reunindo artistas nacionais e internacionais, o evento promove trocas culturais e valoriza as tradições musicais do Recôncavo, com encontros vibrantes entre a música regional, clássica e world music.

Idealizado e dirigido pela pianista Simone Leitão, o festival destaca-se pela variedade de estilos e nacionalidades presentes, com artistas vindos de lugares como Senegal, Reino Unido e Sérvia. Leitão, que também assina a curadoria, enfatiza a importância de aproximar o público local de uma programação instrumental ampla e acessível.

“O festival busca valorizar a música instrumental como uma linguagem universal, capaz de unir culturas distintas e de inspirar tanto artistas quanto o público”, destaca ela.

O evento passará por cinco cidades baianas: São Francisco do Conde, Cachoeira, Madre de Deus, Salvador e Saubara. Entre os artistas internacionais confirmados estão Mamadou Sarr, percussionista senegalês que vive no Reino Unido e traz influências da percussão africana clássica; Srjan Vukasinovich, violinista sérvio; e o trompista esloveno Bostjan Lipovsev, com sólida experiência em orquestras da Europa.

Para Leitão, além de jovens músicos em ascensão no cenário nacional e internacional, a proposta do festival é reunir performances que não se limitam a uma apresentação convencional. Segundo ela, cada artista poderá se apresentar de forma individual ou em encontros que misturem gêneros e estilos, como no caso de Jana Vasconcellos, violonista da Bahia, que dividirá o palco com sanfoneiros e outros instrumentistas locais, mostrando a versatilidade do acordeão na cultura eslava e na música popular brasileira.

“Essas junções inusitadas são o que fazem o verdadeiro tempero desse festival. É até difícil designar o que é o Recôncavo Instrumental. Acho que o festival tem grande chance de virar uma marca em si. Recôncavo Instrumental é isso. Futuramente estaremos tipo Rock in Rio”, brinca Simone.

Imagem ilustrativa da imagem Segunda edição do Festival Recôncavo Instrumental começa na terça
| Foto: Iracema Chequer | Divulgação

Do choro ao jazz

Entre as atrações do festival, a diversidade de gêneros é uma marca importante. Um dos momentos esperados é o espetáculo de Hercules Gomes, pianista brasileiro conhecido por sua técnica apurada na música brasileira para piano.

Ele e seu grupo de choro apresentarão uma homenagem à compositora Tia Amélia no Solar do Unhão, levando ao público a complexidade e a beleza do choro brasileiro.

A cantora Leila Maria também estará presente, trazendo em sua performance uma mistura de música brasileira com jazz e world music, com um repertório que conecta diferentes estilos. “Teremos algo para todos os gostos, de música clássica europeia ao choro brasileiro, passando pelo jazz e pelas tradições africanas”, afirma Simone.

E não falta ritmo no festival: com mais de 10 anos de profissão, a violinista Gabriele Leite apresenta-se pela primeira vez no festival e fará a abertura ao lado de Mamadou Sarr e do Grupo Lírico de Salvador. "Participar deste festival tão especial, que traz artistas de múltiplas facetas, reforça o papel da Bahia como líder na descentralização e valorização das manifestações culturais locais”, diz a violinista.

A violinista terá duas apresentações durante o festival, além de cantar ao lado de outros artistas, ela apresentará a o show Territórios, levando uma interpretação única para os palcos da Bahia. “O público pode esperar de tudo um pouco. Garanto que haverá muitos sorrisos, momentos de emoção e a oportunidade de abrir o coração e os ouvidos para novas complexidades. Essas apresentações prometem encantar e surpreender”, comenta Gabriele.

O festival abre espaço para todos, criando uma experiência onde a música instrumental se transforma em uma verdadeira ponte entre diferentes culturas. “Queremos inspirar as pessoas a pegarem um instrumento, voltarem para a Filarmônica, formarem trios, quartetos ou até mesmo grupos de cordas. Queremos que as pessoas saiam daqui com vontade de fazer música”, diz Simone, reforçando a ideia de que o fazer musical é uma prática essencial para a sociedade.

Ao longo de uma semana, o público terá a chance de se reconectar com a música de uma forma genuína, vivenciando a arte não apenas como um espetáculo, mas como um elo entre diferentes histórias, lugares e gerações.

Para Simone, o festival é também uma forma de valorizar a musicalidade comunitária do Recôncavo. Ela destaca a importância das filarmônicas, grupos de músicos locais que se formam de maneira espontânea e cumprem um papel essencial na educação musical da região.

O encerramento do festival, que acontecerá em Saubara, será marcado por um Encontro de Filarmônicas, onde grupos de músicos de diferentes cidades se apresentarão juntos, mostrando a força da música como prática comunitária e identitária.

“As filarmônicas são uma expressão genuína do povo, que quer fazer música em conjunto. É um direito humano tocar um instrumento, e a prática musical faz parte da identidade de qualquer sociedade”, comenta Simone.

Oficinas e masterclasses

Além de grandes apresentações, o festival oferece oficinas e masterclasses que incentivam a participação e a formação do público. Neste ano, a programação educativa foi ampliada, e entre os destaques está o workshop de percussão, onde Mamadou Sarr se encontrará com mestres do bloco afro Ilê Aiyê, explorando a conexão entre as linguagens percussivas do Senegal e da Bahia.

Segundo Leitão, o objetivo é mostrar como instrumentos tradicionais de diferentes culturas podem dialogar e se complementar, enriquecendo a prática musical dos participantes e celebrando as raízes africanas do Recôncavo.

Outros workshops vão além da percussão, como as masterclasses de trompa, ministradas por Bostjan Lipovsev, voltadas para jovens do Neojibá, e de violino, com o violinista Thierry de Lucas, brasileiro que atua em Nova York. Esses encontros pretendem oferecer uma vivência prática aos músicos locais, trazendo um pouco da experiência de artistas que atuam em diferentes cenas musicais ao redor do mundo. “Será um espaço onde os participantes poderão trazer seus tambores e tocar juntos, explorando a riqueza das tradições percussivas”, conclui Simone Leitão.

Festival Recôncavo Instrumental 2024 / A partir de terça-feira (19) até domingo (24) / Apresentações gratuitas de diversos artistas em cinco cidades / Confira programação em www.reconcavoinstrumental.com

*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.

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