OLHAR RUBRO-NEGRO
Cautela nas más e boas horas
Por José Raimundo Silveira | Jornalista

A melhor resposta que um trabalhador pode dar aos seus críticos é desempenhar bem sua tarefa. A convincente atuação contra o Flamengo de Guanambi serviu para abaixar o princípio de fervura que ameaçava o caldeirão do Vitória. Não só pelo placar elástico, mas também pelo esboço de bom futebol coletivo apresentado, algo que a torcida estava aguardando ansiosamente. Porém, se a desculpa da fase de início de temporada serviu para amenizar as críticas às partidas sem brilho anteriores, golear um adversário pouco exigente não transformou água em vinho na Toca. O time ainda está em construção.
Os números não mentem. Mas, quando apertados, entregam. Analisando friamente a estatística, vemos que ela é bastante favorável ao técnico Argel. Foram sete triunfos em oito partidas, incluindo o amistoso diante do Atlântico, com 19 gols a favor e nove contra. O Vitória é líder do Campeonato Baiano e também está na primeira colocação do seu grupo da Copa Nordeste, além de ter se classificado para a segunda fase da Copa do Brasil.
A grande questão é o nível dos adversários enfrentados, bem aquém do que está por vir nesta temporada. Ao mesmo tempo em que peca pela pouca paciência com jogadores oriundos das divisões de base e é conhecido pelo ceticismo visceral, o torcedor do Vitória médio não se entusiasma com pouco, a exemplo de uma goleada no limitado Campeonato Baiano. O rubro-negro se auto-impôs objetivos altos neste ano, pelo volume e qualidade das contratações realizadas.
Todavia, nem só de ‘murrinhagem’ vive o torcedor do Leão. É preciso celebrar o lado positivo da boa apresentação de quarta passada. Mesmo com o time repleto de reservas, houve evolução em campo, mais uma vez fazendo as necessárias ressalvas à fraqueza do oponente interiorano. A equipe tocou a bola com mais precisão, passando com naturalidade da defesa ao meio de campo e deste para o ataque, sem ligações diretas. Os tão criticados laterais se apresentaram para o jogo, enquanto o quarteto ofensivo se entendeu.
Sobre Argel, podem criticar certas decisões táticas ou escalações, nunca a omissão. O treinador inflama o jogo o tempo todo, orientando à beira do gramado e cobrando empenho dos seus comandados. Está longe de ser o técnico mais inovador do pedaço, mas é participativo. Por não fazer a linha ‘Mister Simpatia’ com a imprensa e a torcida, acaba atraindo a resistência dos que já não o enxergam com bons olhos, algo que se exacerba quando a fase não é das melhores.
Deixo por último espaço exclusivo ao meia Dátolo. Ao ser anunciado na Toca, a única ponta de questionamento ficou sobre sua condição física, dado o longo tempo parado por problemas de lesão. Não vi senões a respeito de sua qualidade técnica, a meu ver indubitável. Na sua primeira partida como titular no Barradão, encheu os olhos ao marcar dois golaços, um deles olímpico. Diferenciado, o argentino carrega as maiores esperanças do torcedor, que vive a expectativa de uma temporada positiva. Se estiver em sua plenitude física, ele tem tudo para ser o fio condutor dessa equipe.
Saudações Rubro-Negras, hoje e sempre!
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