OLHAR RUBRO-NEGRO
Mantra limitador
Por Jornalista
Na entrevista coletiva após a estreia no Campeonato Brasileiro, quando o Vitória apenas empatou em casa com o Flamengo mesmo tendo vantagem numérica em campo durante mais de 80 minutos, Vágner Mancini deu a letra. Não dava para alcançar mais com os jogadores que tem em mãos. Para além de ser perigoso, pelo risco de desmotivar o grupo, o diagnóstico negativo deixa em aberto algumas questões. A principal delas é a falta de projeto de grandeza. O que, efetivamente, o Vitória planeja em médio e longo prazos para quebrar o ciclo vicioso de, ano após ano, apresentar times de pouca competitividade?
A tática de 2016 era o “joga no Marinho”. A de 2017 era o jogo reativo nas partidas fora de casa, compensando o péssimo desempenho no Barradão. Nos dois anos, o Rubro-Negro ganhou o estadual sem convencer e escapou do rebaixamento na Série A na última rodada, na derradeira posição de permanência na elite, o 16° lugar.
Vejamos o grupo atual. Não precisa ser um gênio do gerenciamento esportivo para concluir que não dá para manter a mesma zaga da Série B de 2015 ou não solucionar o crônico problema das duas laterais, constantemente sujeitas a improvisações. Jogadores vão se machucando, permanecendo longos períodos fora de combate, e a reposição demora a ocorrer. Isso quando é providenciada.
Ficamos sempre sujeitos a nos contentar com pouco. O jogo contra o Corinthians, por exemplo. Louva-se o empenho e a disposição demonstradas contra um dos times mais equilibrados do País. Aponta-se o ponto positivo da tão criticada defesa ter suportado a pressão. Empatamos com o atual campeão brasileiro. Deixamos, afinal, a disputa pela vaga nas quartas de final em aberto para o encontro de volta. Mas aí vem aquela frase que já virou mantra: “Dentro de suas limitações, o Vitória fez uma boa partida”. Até quando as conhecidas e repetidas travas técnicas serão o aleijão a impedir voos mais altos?
A falta de ambição de grandeza demonstrada pela direção, ao fazer mais do mesmo de outras gestões, apesar do pouco tempo à frente do clube ser um paliativo, reflete o pensamento de parte de nossa torcida. É cada comentário assustador que observo na ágora virtual da internet ou nas resenhas de rádio... Arquibancada e camarote. Um lado espelha o outro.
Dirigente é torcedor
É como na política partidária. Os governantes e legisladores não são alienígenas que tomaram o poder para nos subjugar. Foram colocados lá pelo povo, de onde são oriundos, com todos vícios e desvios de caráter. Se político é povo, dirigente é torcedor, antes de tudo. No caso da nossa direção, se há torcedor defendendo como salvação a volta de jogadores medianos que passaram pela Toca, essa via continuará sendo cogitada todos os anos. Não há renovação de ponto de vista. O mesmo vale para a impaciência com a base ou o planejamento apenas para o próximo jogo, não para as temporadas seguintes.
Não será da noite para o dia que o panorama mudará. Trata-se de uma evolução cultural, possível somente em longo prazo, algo complicado de pedir a uma torcida sedenta por glória. Enquanto isso, vamos tentando chegar logo aos 45 pontos na Série A e por uma bola salvadora no jogo de volta da Copa do Brasil.
Saudações Rubro-Negras, hoje e sempre!
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