OLHAR RUBRO-NEGRO
Título para Antonio Carlos
Por Jornalista l [email protected]
Os campeonatos estaduais perderam muito de sua força nas últimas décadas, na Bahia e no Brasil como um todo. Em geral, as atenções se voltam para essas competições apenas em momentos como o que estamos vivendo, as decisões. Mas, por tudo o que cercou a versão de 2018, o Campeonato Baiano ganhou um vulto maior para o Vitória. Ganhar a competição transformou-se em algo muito maior que só erguer mais uma taça, que seria a 12ª em 18 edições nesse século (iniciado em 2001). Comemorar o tricampeonato passou a ser questão de honra para o seu torcedor.
Não vou aqui fazer juízos de valor a respeito dos lamentáveis episódios do clássico de fevereiro. Creio que todos os envolvidos erraram, cada um de uma forma. Não tem santo algum nessa história. Mas o fato é que os rubro-negros estão se sentindo injustiçados, por terem sido apontados como os únicos vilões da história. O time perdeu titulares suspensos, o treinador à beira do campo e ainda ganhou má fama pelas expulsões que acarretaram o fim prematuro da partida. Só há uma forma de reverter tudo isso: sendo tricampeão.
Baixo nível
Vejo as duas equipes muito parelhas, infelizmente niveladas por baixo e vislumbrando dificuldades para ambas no Campeonato Brasileiro, que está na porta. Mesmo com os desfalques de cinco titulares e mais algumas opções de banco, por suspensão ou contusão, o Vitória tem amplas condições de alcançar o tri, bastando um triunfo simples. É preciso não entrar nas provocações, superar o esperado antijogo e ser mais efetivo. Rever a escalação também se faz necessário. Com esses laterais e a dupla de volantes que não protegem a zaga, não dá. Há, ainda, a quase certeza de que teremos que fazer ao menos dois gols, pois ser vazado uma ou mais vezes por jogo tem sido a prática.
Minha preocupação maior é com outro aspecto. O clima de belicismo criado pelo lado adversário para o primeiro jogo, qualificado por um dirigente deles como guerra, surtiu um perigoso efeito. E nosso povo parece abraçar essa ideia, ameaçando agredir torcedores rivais que forem ao Barradão domingo. Cresci indo à Fonte Nova sem preocupação com divisão de torcidas. Havia até o espaço misto, onde imperavam as gozações de parte a parte. Agora, vivemos a era da torcida única, pela confissão implícita de incapacidade das nossas autoridades em prover a segurança de plateias inferiores a 40 mil pessoas, número apenas mediano para os clássicos até os anos 90. Curioso é que a maioria dos problemas ocorrem fora dos estádios, não dentro.
Futebol, definitivamente, não é isso. Futebol é o sentimento demonstrado por Antonio Carlos Paixão, sobrenome mais que apropriado para resumir sua relação com o Leão. Essa semana, ele postou uma das fotos de torcedor mais tocantes que já vi no Facebook. Ao fundo, via-se a simplicidade de seu lar, com paredes sem pintura e móveis desgastados. Em primeiro plano, ele aparece com o ingresso da decisão em mãos e um brilho no olhar de emocionar até o mais gelado dos corações. Se a imagem não chegou ao grupo de jogadores, é uma pena. Deveria. São demonstrações como essa que fazem o futebol ser algo tão belo e apaixonante. Que os jogadores corram para retribuir a paixão de Antonio Carlos. Ele merece esse título.
Saudações Rubro-Negras, hoje e sempre!
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