OPINIÃO
A escola da tecnocrença
Editorial de A TARDE desta segunda-feira, 29

Por Redação

Adaptar a dimensão humana ao formato digital ou, ao invés, adequar as tecnologias às demandas afetivas, morais e cognitivas? Quem sabe, nem um, nem outro polo, mas um encontro entre máquinas e gente, visando a aurora de uma nova espécie, misturando o Sapiens ao Ciber.
Esta é a discussão possível, por suposto subalterna à necessidade premente gerada pela escolha das atuais autoridades do Ministério da Educação e do Conselho Nacional de Educação, com o objetivo explícito e prioritário de implementar o componente Educação Digital e Midiática nas redes escolares.
A formação da novíssima geração brasileira para um mercado futuro indefinido, esvanecendo o aspecto presencial em bruma de CPUs e celulares, ganha o acréscimo de tecnocrença a partir deste dispositivo educacional imposto pelos cérebros da burocracia estatal.
Seja qual for o rumo do debate, necessário e atual, é tida como válida a captura da juventude estudantil por uma ordem acelerada, ultra conectada e, pelo visto, inquestionável, pois o papel da filosofia está fortemente bloqueado neste movimento de adaptação.
A disciplina será obrigatória em 2026, reativando potencialidades de estabelecimentos capazes de terem se antecipado ao cenário de louvor aos chips.
Reportagem tipo mesa-redonda, ouvindo-se várias vozes dentro deste admirável – embora preocupante – mundo da IA, saiu n'A TARDE como significativa contribuição para o melhor proveito de todas e todos quantos se envolvam na metamorfose.
Assemelhado a um novo gênesis, no qual o éden é composto por aplicativos e podcasts, o ambiente impõe, de forma heterônoma à pessoa humana e ainda pensante, uma série de comandos, não discutidos o suficiente, e tidos como hegemônicos.
Para acrescentar tintas de duvidoso charme, a linguagem robótica assimila a boçalidade de termos evitáveis, porém capazes de produzir a sensação de campo autônomo dentro do qual não resta outra saída à espécie humana, exceto assinar a rendição e tentar fugir bem depressa para alguma colina tecnológica.
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