EDITORIAL
A lógica dos imigrantes
Confira o Editorial do Jornal A TARDE
Por Editorial
A decisão de restringir a entrada de imigrantes sem visto, anunciada pelo Ministério da Justiça, produziu a seguinte pergunta, entre os gestores de organizações de apoio aos refugiados: a medida obedece a um contexto universal, ou seja, alcança a todos e todas como suspeitas de utilizar o Brasil como rota de passagem para Estados Unidos e Canadá?
A iniciativa tem como fundamento investigações da Polícia Federal, posicionando o país como atalho para quem visa alcançar destinos da América do Norte, mas a proposta agride um dos princípios elementares de lógica clássica: do particular, não se afirma o geral, pois há um sem-número de viajantes em fuga emergencial por fome, guerras e alterações climáticas.
De acordo com o conteúdo, as apurações, as quais parte da Imprensa obteve acesso exclusivo, a tática dos chamados “coiotes”, a quem cabe planejar e executar estratégias ilegais, é promover a “travessia”, tomando o território brasileiro como uma hipotética “ponte” transnacional.
A PF justifica assim a crença na articulação mal-intencionada: não há motivações para admitir na categoria de “fugitivas” as multidões em movimento, vindas do Sudeste da Ásia. A polêmica determinação ministerial abrange nações das quais se exige o visto, mas não poderá alcançar os quase 500 “acampados” em São Paulo, aguardando carimbo no passaporte.
Quem chegar a partir da próxima semana, para permanecer legalmente, terá de comprovar ser vítima de perseguição política no local de origem, ou causas relacionadas a etnia, religião, nacionalidade e fatores excludentes diretamente ligados à violação dos direitos humanos.
A mudança de tratamento estende seu impacto à Bahia, onde se desenvolve trabalho de excelência, por parte do Núcleo de Acolhimento a Migrantes e Refugiados (Namir), implicando no segundo desdobramento de viés lógico, em figura de paradoxo, devido ao fato de 70% dos cidadãos virem do Nepal, Vietnã e Índia no cenário nacional, diferentemente da estatística verificada nos portos e aeroportos baianos.
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