EDITORIAL
A maior exploração
Confira o editorial de A TARDE deste sábado
Por Editorial

A estatística das notificações de acidentes com crianças exercendo atividade laboral é indício de alta probabilidade de indução ao engano quando se forma crença na leitura supostamente imparcial de quantidades cotejadas na balança.
O erro crasso, ilustrado na frase “os números falam por si”, implica no aumento dos indicadores de “trabalho infantil”, ao recuperar o sentido original do substantivo “proletariado”: a prole oprimida.
Ora, se há uma maior fiscalização por demanda de governantes comprometidos com a Causa Humanitária, obviamente aumentam os registros da irregularidade, gerando forma de escalada, mas trata-se de constatação.
Na Bahia, como evidência deste indício, estima-se em mais de 171 mil os jovens super-explorados, equivalendo a quase 11% do total do país, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, o PNAD.
Os alertas da rede de proteção à infância, articulados por ação interministerial, vêm aproximando com fidedignidade o volume de ocorrências ao “modus operandi” criador do modelo econômico vigente, nutrido com o sangue vertido por inocentes.
A Nova Gazeta Renana foi o primeiro jornal perseguido por noticiar o “emprego” de pequenos operários, cujo “trabalho” era o de buscar parafusos em meio às engrenagens das primeiras indústrias, não-raro morrendo esmagadas.
Hoje, os mecanismos ideológicos vêm dando suporte para atestados de óbito por choque elétrico, atropelos e quedas; mutilações por máquinas automáticas de cortar sisal; exposição a riscos de estupro e danos corpóreos diversos.
Seguindo a proposição falaciosa “é melhor trabalhar que entrar cedo para o crime”, mães e pais colonos, cercados pela pressão dos “coronéis” da terra, se deixam persuadir pela grave infração penal de “empregar” os filhos “neoescravos”.
Os braços, ainda incompletos, de um corpo miúdo e pago em centavos, ajudam na robustez das margens de lucro obtidas por investidores na zona rural, invisíveis aos órgãos de monitoramento, por terceirizarem o recrutamento ilegal.
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