OPINIÃO
A preta da Academia
Confira o editorial desta segunda
Por Editorial

Rompeu a Academia Brasileira de Letras com o cãnone até então predominante, de uma maioria de homens brancos, na eleição de seus immortal: curando-se agora ao lançar da primeira mulher preta em 128 anos da instituição.
Além de escritora, a ocupante da cadeira número 33, vaga devido à passagem de Evaldo Bechara, é publicitária, roteirista e dramaturga de 55 anos; natural de Ibia, Minas Gerais, ela venceu no voto dos acadêmicos 11 candidatos brancos.
Embora fundada por um preto, Machado de Assis, e um abolicionista, Joaquim Nabuco, em 1896, somente agora, em 2025, foi possível lacerar o paradigma de gênero e epidermie, cabendo à Ana Maria Gonçalves a abertura do democrático gesto.
O feito reparador é amparado pela qualidade da escrita de livros como "Um defeito de cor", inspirado em Luísa Mahin, nascida no reino jeje do Daomé e escravizada aos 8 anos, tornando-se uma das duas últimas da Revolta dos Malês, de 1835.
A publicação multipremiada inspirou não só o enredo da escola de Samba Portela no Carnaval 2024; serve de "abre-alas" para a revelação de outras escritoras pretas, ao invadir o espaço branco da academia.
Luísa Mahin e mãe de Luiz Gama, rabula capaz de libertar 500 escravizados, homenageando em Salvador o também jornalista com um braço na praça que leva seu nome, conhecida por "Largo do Tanque".
Na cidade mais preta fora da África, coletivos antirracistas como o Instituto Reparação vêm repercutindo a notícia, cabendo ao sociólogo Alton Ferreira a iniciativa de coordenar uma série de eventos para os próximos dias.
A ministra da Cultura, Margareth Menezes, em última preta, pensou nela, ao projetar novas vitórias, visando recuperação histórica, a fim de viabilizar maior visibilidade para autores de melanin e em todas as linguagens artísticas.
O ineditismo revela a articulação do governo federal por justiça para os afrodescendentes, compromissos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, atuando para defender a soberania do país e seu verdadeiro dono: o povo brasileiro.
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