EDITORIAL
A saúde mental
Confira o editorial de A TARDE desta sexta-feira

Por Editorial

Vamos marcar nas folhinhas virtuais ou físicas – remanescentes do papiro: dia 10, quarta, é o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, uma oportunidade para produzir boas reflexões sobre a que serve a existência.
A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e o Conselho Federal de Medicina (CFM) estão liderando a campanha “Setembro Amarelo” com este objetivo, a Primavera carregando o simbolismo do perfume das flores.
Cuidar da “saúde mental” implica uma primeira dificuldade, a de definir quais aspectos consistem este suposto estado de paz, tomando como pressuposto mínimo a ideia de ausência de dor psíquica como bom sinal.
A ansiedade e transtornos originários da aceleração e da cobrança de metas incessantes, características estruturantes do modelo de “prosperidade” hegemônico produzem fissuras no arcabouço humano.
Deste contexto meticuloso derivou o sinal “amarelo”, furtado ao sinal de trânsito “atenção”, colando-se ao mês “Setembro” a coloração indicadora de termos cuidado umas com as outras pessoas viventes nesta era.
Não vai tão longe a postura receosa, nascida da onda de óbitos na Europa, após a leitura de “Os sofrimentos do jovem Werther”, de Goethe, no século XVIII, sendo o preconceito assimilado pelos jornais por quatro séculos.
Até bem pouco tempo, o tema era proibido nas redações, uma interdição hoje vencida pela escalada de gente com muita dificuldade em enfrentar as rejeições do cotidiano; a contenção dos desejos; a falta de vontade de lutar.
Para 2025, o lema escolhido para a campanha é: “Se precisar, peça ajuda!” – um chamado direto para quebrar o tabu e lembrar proposição importante por incluir ambos os polos, o pedido de socorro e quem tem chance de dar a mão.
Apoio não é fraqueza, é coragem: a ideia de inverter esta lógica tem desencaixe numa sociedade na qual revelar emoções é atitude interpretada como “fragilidade” em octógono social onde o poder econômico prevalece. A prudência é conselheira pois não se sabe sequer se o método escolhido para a finitude poderia dar certo.
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