EDITORIAL
A serenidade possível
Confira o Editorial do Jornal A TARDE
Por Editorial
Adquirir a Groenlândia, tomar o canal do Panamá, empreender uma guerra tarifária, deportar imigrantes em massa, promover o desmanche dos órgãos públicos. Donald Trump assume a presidência dos Estados Unidos no próximo dia 20, segunda-feira, já embalado por uma série de notícias tidas como “espetaculosas”, em uma clara estratégia de ocupação de espaço como protagonista na luta ideológica, revelando sagacidade na esgrima do poder simbólico.
Ao singrar o mar revolto da política, a nova nau dos insensatos, tendo na proa o maior deles, a torpedear discórdias, traz a bordo uma tripulação o mais fidedigna e alinhada, destacando-se como secretário de Estado um tipo brusco e irritadiço, embora ao bilionário Elon Musk caiba a patente de comodoro digital, doando sentido de verdade às mentiras disseminadas nos tentáculos da internet.
O cenário é fértil para a interpretação de especialistas em relações internacionais, como a professora doutora Neusa Bujikian, ao verificar o perfil da equipe da Casa Branca, analisando nomes como o de Robert F. Kennedy, engajado em campanha antivacina, no auge da pandemia, renegando o histórico humanitário de seu tio John, assassinado no exercício da presidência.
Para a pesquisadora, vale o esforço para pensar as articulações como táticas a fim de obter vantagens ao conduzir negociações, pois ao gerar medo e tensão, a influência geopolítica ganha ares de hipérbole: a aposta é a de quanto mais “cara feia” e bravatas, menor a capacidade de defesa dos princípios civilizatórios, daí a importância de manterem os líderes mundiais a serenidade possível.
Um bom exemplo de postura equilibrada está no Brasil, com o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, ao negar o pedido de um dos fãs confessos do “trumpismo”, para viajar a fim de participar da posse, o ex-presidente Jair Bolsonaro, envolvido nas tramas de golpe de estado e assassinato de autoridades, entre as quais o magistrado, aplicando a dose precisa de senso de justiça sem estardalhaço.
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