EDITORIAL
A vida continua
Confira o editorial do Jornal A TARDE desta quinta-feira
Por Editorial

Mesmo os céticos, para os quais não há finalidade ou projeto prévio para a existência humana, podem encontrar um meio de obter algum sentido razoável para justificar a provisória passagem pela vida, ao decidir pela doação de órgãos.
O passo seguinte, no entanto, já não depende mais da pessoa dotada de boa vontade, pois o estado de óbito impede manifestar-se, restando aos familiares cumprir o melhor dos inventários, a cessão de uma parte do corpo do parente para alguém.
O elevado gesto tem valor moral iniludível, pois o ganho é a satisfação de ajudar quem sequer se sabe o nome. No entanto depois da morte do doador, vem uma barreira difícil, a negativa de parentes, contaminados, muitas vezes, por dogmas e crenças estapafúrdias.
Exceto se um argumento forte e desconhecido produz necessidade do sepultamento com a conservação do finado, a reação habita o âmbito da irracionalidade, pois a putrefação inevitável descarta esperança de ressurreição.
O placar adverso serviu de pauta para reportagem de manchete d’A TARDE, contando-se seis famílias refratárias em cada 10, arredondando o cálculo, resultando em 3.560 pessoas sem realizarem o sonho de recompor um pedaço do organismo.
Fígado, rim, córnea, coração, entre outros, são aguardados na lista de espera, para quem espera conseguir uma boa oportunidade de vencer o sofrimento e garantir mais tempo de convívio neste mundo.
A tecnologia facilita o processo com a nova Central Nacional de Doação de Órgãos, solução online conectando doadores e os pacientes, evitando burocracia, ao garantir celeridade nos procedimentos.
Após a confirmação da morte do indivíduo, equipes de profissionais procuram os familiares e, mediante autorização, iniciam a extração para posterior cirurgia em Salvador, Feira de Santana, Vitória da Conquista, Itabuna e Juazeiro.
Todo o trabalho é desenvolvido sob a responsabilidade da Coordenação Estadual de Transplantes da Bahia, embora dependa do alargamento do horizonte mental e afetivo da população para atender a todas e todos no aguardo do presente de viver.
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