OPINIÃO
Acordo inédito
Confira o editorial do jornal A TARDE deste sábado

Por Editorial

A oportunidade de um acordo entre o Mercosul e a União Europeia vai exigir do Brasil uma preparação proporcional ao alcance gigante da inédita missão. No “jogo” internacional do comércio, a mudança de fase altera paradigmas enraizados.
Remonta ao tempo do mercantilismo e dos “descobrimentos”–eufemismo para ocupações militares dos corsários das superpotências. A combinação a ser celebrada pode abrir perspectiva alvissareira.
Mas atenção: os obstáculos não são poucos nem pequenos. Na rota rumo à homologação do acordo de livre comércio, Itália e França recuaram, adiando a movimentação da assinatura para 12 de janeiro.
O pacto estava previsto para a Cúpulado Mercosul, agora em Foz do Iguaçu. Produtores europeus protestaram a ponto de despejar esterco na frente da residência do presidente francês.
O adiamento desagradou ao presidente Lula, afinal, são 25 anos de tratativas. O chefe de Estado chegou a ameaçar abandonar as negociações.
A ideia é reduzir e eliminar tarifas de importação e exportação, além de criar regras comuns para temas como comércio de bens industriais e agrícolas, investimentos e padrões regulatórios.
Trata-se de uma das maiores áreas de livre comércio do mundo: 722 milhões de consumidores e Produto Interno Bruto de US$ 22 trilhões. Difícil é de buscar alguma comparação para facilitar o entendimento de tamanha ordem de grandeza.
Os europeus vão exportar mais veículos, máquinas, vinhos e outras bebidas alcoólicas para Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. Os sul-americanos levarão proteína animal, açúcar, arroz, mel e soja.
Embora não dependa dos brasileiros a política de subsídios, a inserção dos produtos nacionais no Velho Mundo precisa atender à demanda do exigente mercado europeu.
As mercadorias devem seguir normas específicas a fim de persuadir os compradores, seguindo uma imbatível máxima: o freguês tem sempre razão. Nesta lógica estritamente pautada no capital, este freguês é ainda mais valioso se tem maior poder de consumo, como é o caso do europeu.
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