Amor, paz e filhos
Confira o Editorial do Jornal A TARDE deste domingo

As campanhas por reconhecimento da paternidade são necessárias para custeio dos filhos, devido à participação financeira das pensões alimentícias, mas insuficientes, pois é preciso amar como meio intermediário da augusta felicidade. Sem a liga do afeto – substantivo gerado pelo verbo afetar, envolvendo pais e filhos –, a relação permanece incompleta, razão pela qual deve-se aplaudir toda e qualquer iniciativa de apoio na construção de convívios plenos de amor e paz.
Resultado da assimilação parcial dos efeitos da revolução sexual dos anos 1960 no Brasil, as pessoas passaram a namorar mais, sem os cuidados respectivos ao ato reprodutivo, conforme estudo da Universidade de Campinas (Unicamp). O efeito da lacuna de consciência é o número de bebês sem indicação de paternidade na certidão, passando de 5,5% para 6,9% dos novos baianos, como revela reportagem publicada hoje.
Mesmo com o esforço de entidades como Ministério Público, Tribunal de Justiça e Defensoria, ao organizarem testes de DNA, a estatística permite projetar ao menos 10 mil pais ausentes este ano somente na Bahia. De parabéns estão aqueles genitores capazes não apenas de assumir sua prole, como também de lutar pelos direitos de paternagem, a fim de recuperar o bem do qual foram privados, evitando cicatrizes na história de vida, do berço à cova.
Há ocorrências nas quais a mãe escolhe o atual parceiro para ocupar o lugar de “pai afetivo”, gerando alienação parental, por motivos variados, cabendo aos homens procurar a Justiça a fim de lutar por sua criança. O mais frequente, no entanto, ainda é a fuga da responsabilidade por parte de quem fertilizou o óvulo, daí a relevância das notificações dos prováveis autores, a fim de verificar e consertar erros demasiado humanos.
O bom entendimento entre envolvidas e envolvidos é o único método ético aprovado, ao conduzir para além dos aspectos legais e de moralidade, produzindo sorrisos capazes de traduzir bem a alegria de desatar os nós.