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OPINIÃO

Anúncios de amor e sexo

Por Claudio Carvalho*

27/11/2012 - 14:16 h

Na semana passada o A TARDE publicou duas notícias inusitadas: 1) Anderson Silva, carregador de entulhos, com o objetivo de conseguir uma namorada espalhou pelos muros da cidade o anúncio "quero uma mulher, tenho carro e casas" (19/11); 2) uma jovem da cidade de Sapeaçu (BA) desistiu de leiloar a virgindade por conta da repercussão negativa na cidade depois de anunciar por meio de um vídeo na web a sua intenção - seu objetivo era ajudar a mãe enferma (21/11).

A sexualidade humana não tem nada de natural e Freud já falava isso no início do século XX. Quanto ao amor é uma invenção relativamente recente da literatura e mais tarde do cinema e das telenovelas. A nossa experiência com a sexualidade e o amor são fatos de cultura que se apresentam sempre num contexto histórico-cultural. Por isso afirmar que a subjetividade é a cultura encarnada dilui qualquer dicotomia entre uma psicologia do individual e do coletivo.

Duas presenças foram marcantes durante muito tempo na maneira como vivenciamos nossas experiências amorosas e sexuais: uma foi o pudor e a intimidade; a outra era a presença da fantasia, de uma dimensão de mascarada e de representação no intercurso entre os parceiros no jogo sensual e afetivo - uma forma enviesada para se chegar ao parceiro(a). O que estas matérias de A TARDE podem indicar sobre o amor e o sexo na contemporaneidade?

Seguem alguns pontos para reflexão. 1) Não é novidade que amor e sexo não andam sempre juntos, talvez o contrário seja o mais comum - o novo está na forma como isso é exibido sem constrangimentos. 2) O saber hoje está encerrado nos objetos e não mais atribuído a um mestre ou a um poder transcendente; se os objetos ocupam o altar da vida coletiva a organizar o laço social, podemos ter a impressão de que aparecer ao lado dele na foto ou nos apresentarmos como "o" objeto aumentem as nossas chances de sucesso. O problema é que um objeto é desprovido de subjetividade e como a sexualidade humana não tem nada de natural somos escravos da fantasia, sem ela não tem sexo e muito menos amor. Isso não consta nos anúncios.

*psicanalista, professor de história e filosofia

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