As doces abelhas dependem de nós | A TARDE
Atarde > Opinião

As doces abelhas dependem de nós

Publicado terça-feira, 07 de julho de 2015 às 15:27 h | Autor: Gilberto Brito | Delegado de polícia | [email protected]

Dentre os provérbios, "nem tudo que reluz é ouro" se aplica a uma larga menção de temas e realidades. O Nim, espécie vegetal nativa da Índia, por ter características inseticidas, servir de alimento animal e sua madeira apropriada ao fabrico de móveis, afora resistente às estiagens, a cada dia que passa vem tomando espaços no território estadual, inclusive com grandiosa intensidade nas difíceis regiões do sertão, tal o ouro garimpado pelos velhos bandeirantes.

Não há dúvida de que os seus cultivadores estão à procura de legítimo desenvolvimento, por meio da geração de emprego e renda, fatores que, somados a outros, à frente a educação, tornam-se preponderantes ao avanço da melhoria social.

Mas, partindo-se do pressuposto de que "cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém", quanto ao expandir da recém-chegada espécie, a sensível e sábia natureza manda um recado para todos nós: apesar de servir como defensivo, ela também é nociva, e de forma um tanto severa. Que o diga Zé Silva, o amigo "Zé da Foto", lá das entranhas da Curiboca, nos aconchegos de Paramirim.

Há dias, ao contactar-lhe, via telefone, e indagar-lhe sobre as novidades, de pronto respondeu-me: "Deixando de lado a seca, que é coisa sem jeito, tem uma novidade ruim: na área que plantei o Nim e instalei umas colmeias, as abelha tá morrendo muito". Identificado com a temática do campo, bastou-me breve pesquisa no "sábio" Google para uma triste conclusão: onde de verde só existe Nim, abelha não voa; morre.

E em sendo ela das mais importantes espécies planetárias, tamanha a sua capacidade de polinizar mais de 800 tipos de vegetais, creio ser a problemática um despertar, senão um desafiar para os que profissionalmente lidam ou mesmo se identificam com a questão ambientalista. As "operárias" que missionariamente fazem e adocicam tantas vidas, de certo modo, estão a depender de nós.

Publicações relacionadas