OPINIÃO
As emendas e o soneto
Confira o editorial do jornal A TARDE deste domingo
Por Editorial
Ao determinar a suspensão do repasse de recursos para organizações não-governamentais, apanhadas em flagrante perpétuo de desajuste com o valor moral de transparência, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Flávio Dino, ampliou a confiabilidade da cidadania em seu trabalho diligente, ecoando como um belo soneto.
Age bem o magistrado, tomando como certo o fato de um acordo, envolvendo pagamento por uma prestação de serviços, exige necessariamente o conhecimento de ambas as partes, como restaprovado no impedimento assinalado de imprudentes gestões, indicando os péssimos exemplos das “emendas parlamentar”.
No enredo verificado, portanto, a solicitação de melhoria tanto cabe na interpretação das condutas dos congressistas interessados, como na dos gestores dos empreendimentos, autoproclamados “sem fins lucrativos”, sempre envolvidos em bonita embalagem de projetos de alcance social.
Neste contexto entrelaçado de quem libera e quem recebe, emerge a sensação de estranheza a partir da análise qualitativa de dados certificados pela Controladoria Geral da União, revelando 13 ONGs, entre as 26 que mais receberam recursos de emendas, em situação inadequada de acessibilidade, clareza, detalhamento e complete solicitação.
O trabalho viabilizou a aprovação plena de apenas quatro destas instituições, cabendo para apoiar a sociedade civil nas lacunas deixadas pelo Estado brasileiro, passando a condição provisória e definitiva, como raro acontecimento na mecânica consagrada pelo jogo invisível de interesses, banalizando nos certos cotidianos.
O método, escolhido pela auditoria para classificar a amostragem final, investigou 676 entidades, movimentando, entre 2 de fevereiro e 21 de dezembro de 2024, empenho de R$ 733 milhões bancados pelo erário do país.
O corretivo da iniciativa do Poder Judiciário amplia a sensação de urgência visando reformar os trâmites de “orçamento secreto”, sob redoma de mistério incompatível como proposta republicana de direitos e deveres iguais para todos.
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