EDITORIAL
As redes do racismo
Confira o Editorial do Jornal A TARDE
Enquanto a aurora de uma nova Idade da Razão está por raiar, com a hegemonia de um pensamento voltado para a ética, é preciso ampliar a vigilância contra ataques racistas na internet.
Uma das mais recentes - e louváveis - iniciativas é a da criação de um Observatório para incessante monitoramento, em trabalho desenvolvido pela entidade Aláfia, dedicada ao combate às agressões a etnias.
Entre os métodos utilizados pelos pesquisadores, destaca-se a análise de comentários publicados sobre o jogador do Real Madrid e da Seleção Brasileira Vini Jr. e outras 26 personalidades de farta melanina e traços afrobrasileiros.
O conteúdo produzido resultou num relatório no qual os dados podem gerar entre a indignação e a revolta, a depender do ânimo do consulente e de sua identificação, para mais ou para menos, com a luta pelos direitos civis, herdada do grande Martin Luther King, prêmio Nobel da Paz assassinado nos EUA dos anos 1960.
No caso do atacante, nove entre 10 "postagens" referem comparações depreciativas e alusivas ao contorno físico, levando em conta os registros na rede "Instagram", no período de outubro de 2023 a fevereiro de 2024.
Além da arquitetura horizontal da internet, projetada para evitar controle, irritando os anarcofóbicos, outros graves problemas apontados pelas equipes de vigilantes digitais são a falta de leis específicas para a discriminação online e a leniência dos gestores das plataformas nos episódios frequentes de ilícitos e penalidades cometidas.
Outras pretas e pretos famosos sob ataque constante são o ator Lázaro Ramos, a jornalista Flávia Oliveira e a professora Djamila Ribeiro, tendo suas imagens associadas a macacos, entre outros disparates.
O efeito mais perturbador é o da alta quantidade de "curtidas" gerando interesse nas insanas publicações, em uma inversão completa dos princípios de conhecimento confiável e convívio mundialmente amistoso, previstos pelos jovens de boa vontade, nas origens da rede de computadores, no Vale do Silicio.
O engajamento pleno aos discursos de ódio, conforme verificaram os ativistas antirracismo virtual poderá ter algum freio, mas sem garantia de estancar a estupidez, mesmo se um dia for aprovado o projeto de lei 2630/2020, mais conhecido como “PL das fake news”, em trâmite de velocidade quelônia no Congresso Nacional.
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