EDITORIAL
Basta de escravidão
Confira o editorial de A TARDE desta segunda-feira
Por Editorial

O trabalho de libertar pessoas exploradas em condições similares à escravidão tem na Bahia o terceiro estado brasileiro com maior registro de resgatados, sinalizando a oportunidade de melhorar a fiscalização.
Ações policiais frequentes, com base em observações cotidianas e atenção às denúncias, podem proteger trabalhadores pretos de baixa escolaridade, recrutados por investidores e proprietários de terras.
Embora indique eficiência dos agentes públicos repressivos, a posição entre os três entes federativos com mais cidadãos libertos revela, em contrapartida, a hipótese de ocorrência de crimes a serem investigados.
Gente com fome se sujeita a propostas de serviço com contrapartida pecuniária, no entanto, ao adentrarem o território do patrão, enfrentam condições degradantes em jornadas exaustivas e restrição de liberdade.
O cenário afronta a moralidade e o Código Penal, quando verificado o ambiente de paredes mofadas, restos de colchão habitados por insetos e o golpe inominável: ao alimentarem-se, os “neoescravos” se endividam.
A conta das despesas ultrapassa a cifra acertada pela mão de obra, servindo a dívida crescente de motivo torpe para impedir os ludibriados de escapar da armadilha, via de regra saindo impunes os criminosos.
No período dos cinco anos mais recentes, chega a 1.605 o número de quem conseguiu salvar-se da servidão na Bahia, conforme dados do Ministério Público do Trabalho. Por óbvio, não se pode sequer estimar quantos aguardam socorro em cativeiros, tomando como base a ocorrência registrada em Bento Gonçalves, Rio Grande do Sul, onde 196 baianos escaparam em 2023.
Precisou uma das vítimas burlar a vigilância dos capatazes de três vinícolas, todas muito bem avaliadas no mercado nacional; não fosse esta habilidade do fugitivo e talvez ainda estivessem sob violência extrema.
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