EDITORIAL
Capital do barulho
Confira o editorial do Jornal A TARDE desta quarta
Por Editorial

Avança a tecnologia – e com ela, atualiza-se a potência de equipamentos de som, cada dia mais compactos sistemas de áudio, favorecendo a ampliação dos decibéis de poluição sonora. Enquanto adquirem-se “máquinas sonoras” até em tendas de camelô, quem curte arriscar os tímpanos não investe proporcionalmente em educação moral.
O problema de saúde pública grita por ordenamento, conforme voltou a pautar A TARDE na edição dominical, em busca de atenuar a emissão dos ruídos em Salvador. À parte o talento para as festas, seguindo tradição de principal porto e ponto de encontro do hemisfério sul, as pessoas sofrem com perturbações diversas em horários proibidos.
Dá para verificar a dificuldade de convívio nos prédios de apartamentos nos quais se sofre o efeito do arrastar de sofás do andar de cima e até nas faculdades baianas, onde estudantes e professores não levantam carteiras.
O sofrimento alcança recém-nascidos, puérperas, pessoas com deficiência, idosas e idosos, doando sentido distinto para a palavra “democracia”, em distribuição equitativa do mal-estar.
A Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur) registrou 7.714 denúncias até o dia 13 de abril, servindo o número de confissão de o quanto as equipes de prevenção e repressão vêm fazendo falta. Em figura de paradoxo, a mensagem da prefeitura é de incentivo, não apenas pela impunidade, mas também na narrativa oficial, aumentando-se dias de pândega e liberação.
A aquisição de protetores de ouvido, como os utilizados pelos repórteres em cobertura de Fórmula 1, é a opção ao alcance dos incomodados, pois não se vê como conter as “sereias” contemporâneas.
De seres fantásticos, estas criaturas, metade mulher, metade peixe, migram do ambiente marinho para tornarem-se anfíbias, ecoando cantos estridentes em bares e restaurantes.
Descartando-se esta improvável mitologia, resta mobilizar vereadores e associações da sociedade civil, visando fazer respeitar a “Lei do Silêncio”, sancionada no século passado, hoje uma letra surda.
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